Por: Affonso Nunes

Morre Ykenga, chargista pioneiro na luta antirracista

O traço de Ykenga ganhou destaque nacional nas famosas páginas centaris d'O Pasquim ocupadas por chargistas como Ziraldo, Jaguar e Henfil | Foto: Arte sobre autocharge de Ykenga

O mundo do jornalismo derrama lágrimas pela partida do chargista Ykenga. O artista morreu na manha de segunda-feira (1º), vítima de um infarto fulminante, aos 71 anos, na casa onde vivia, em São Gonçalo. Ativista negro, Bonifácio Rodrigues de Matos (seu nome de batismo) tinha um humor ácido e crítico, sendo um dos pioneiros ao representar as desigualdades sociais que afetam as pessoas pretas no país.

O apelido de Ykenga lhe foi dado pela avó, que o achava endiabrado. A palavra de origem africana remete a um fenômeno natural que deixa agitados os animais, que invadem as roças e devastam as plantações.

 

Ykenga eterno

Formado em sociologia, atuou como desenhista técnico na juventude mas mudou o traço para exercer a função de cartunista em jornais sindicais até parar no Pasquim, o célabre semanário de resistência criado por Ziraldo, Jaguar, Henfil & Cia.

Ykenga eterno II

Entre 2019 e 2020, Ykenga publicou tirinhas de humor do Pretoman (um super-heroi tipicamente brasileiro) aqui no 2º Caderno do Correio. Teve passagens por outros jornais como O Dia, Extra e O Fluminense. Nos últimos anos, estampava seu talento em charges diárias em seu perfil de Instagram.

 

Ykenga eterno III

Além dos jornais brasileiros, Ykenga publicou trabalhos em publicações do exterior como O Liberacion (Suécia) e o La Juventud (Uruguai). Tem ainda desenhos incluídos no acervo da Casa do Humor e Sátira de Gabrovo, na Bulgária.

Ykenga eterno IV

Além da consciência social, Ykenga nos deixa como legados livros como "Humor à La Carte!", "Cabo Frio e Suas Histórias", "Casa-grande e Sem Sala" e "História do Samba em Quadrinhos", escrito com o ator e pesquisador Haroldo Costa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.