Lavoura Lispector
Treze anos depois de uma cultuada incursão cinematográfica à prosa de Raduan Nassar, o maior diretor de TV que o Brasil já conheceu regressa à telona com 'A Paixão Segundo GH'
Foi uma adaptação de "Homens Querem Paz", de Péricles Leal, feita em planos-sequência para a "Terça Nobre", que transformou Luiz Fernando Carvalho num farol de invenção no espaço mais industrial do audiovisual: a TV Globo. O diretor permaneceu lá por lá anos a fio, presenteando a emissora - mas de olho no Brasil - com pérolas como "Rei do Gado" (1996), "Os Maias" (2001), "Hoje É Dia De Maria" (2005), "A Pedra do Reino" (2007), o antológico "Capitu" (2008), "Afinal, O Que Querem As Mulheres" (2010); "Meu Pedacinho De Chão" (2014), "Velho Chico" (2016) e "Dois Irmãos" (2017).
No meio do caminho, fez um filme... e que filme!... por muitos considerado "A" obra-prima do cinema nacional do século XXI: "Lavoura Arcaica", baseado na obra-prima literária de Raduan Nassar. Diz sempre que aquele livro o encontrou. Um encontro de alma também se deu com "A Paixão Segundo GH", escrito em 1964 por Clarice Lispector (1920-1977), que marca o regresso de Luiz Fernando às telonas, em 11 de abril. Maria Fernanda Cândido tem a atuação de uma vida vivendo uma mulher que é muitas, tantas, todas, atomizada, implodida e reconfigurada após se deter diante da imagem de uma barata esmagada.