Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Presidente...diva... Binoche

Juliette Binoche | Foto: Divulgação SSIFF

A escolha da atriz Juliette Binoche para presidir a Academia Europeia de Cinema, uma entidade de preservação estética e política da produção do Velho Mundo, coincide com a finalização de sua nova dobradinha nas telas com Ralph Fiennes, seu parceiro de "O Paciente Inglês", pelo qual ele ganhou o Oscar de Melhor Coadjuvante, em 1997. Os dois estrelam "The Return", que se baseia em Homero. No Brasil, ela há de brilhar antes disso. "La Passion de Dodin Bouffant", que rendeu ao cineasta vietnamita Tran Anh Hung a láurea de Melhor Direção, vai devolver seu rosto e seu talento ao circuito nacional no dia 11 de abril. O filme chega aqui com o título de "O Sabor da Vida" e tem como base um romance de Marcel Rouff (que a Nova Fronteira vai editar aqui) sobre gastronomia, feminismo e parceria afetiva. O ex-namorado da diva, Benoît Magimel interpreta o Dodin Bouffant do título, chef que promove banquetes saborosos.

Em cartaz na Apple TV com "The New Look", Juliette terá muito trabalho em seus afazeres na Academia. O papel honorário do cargo que ela passa a ocupar tem um forte poder simbólico e personifica o projeto europeu de alimentar uma postura industrial autoral autossustentável. Ingmar Bergman foi o primeiro presidente da instituição, tendo sido escolhido pelos 40 membros fundadores da Academia em 1989. Wim Wenders sucedeu-lhe em 1996 e exerceu o cargo até 2020, tendo sido seguido por Holland, a primeira mulher presidente da Academia.

"Fico comovida quando as pessoas se contagiam com meu modo de trabalhar, sobretudo depois do que a gente viveu na pandemia", disse Juliette ao Correio da Manhã em San Sebastián, na Espanha, onde o iniciou um projeto sobre etarismo chamado "Queen at Sea". "Acho que uma das coisas que mais me doeram na fase do coronavírus na Europa foi não poder estar livre para andar até o mar, caminhar numa praia. Isso é uma restrição que te cerceia da natureza. Foi da ecologia que eu mais me aproximei no período da covid-19 e aprendi a cuidar melhor deste planeta".

Seu próximo projeto será "Camino Real", no qual vai atuar sob a direção de Ethan Hawke, seu parceiro em "A Verdade", de Hirokazu Koreeda, que abriu o Festival de Veneza de 2019.

"Na vida a gente tem que aprender com os próprios erros, encontrar nosso próprio caminho e buscar onde temos serenidade", diz Juliette. "O cinema conseguiu me mostrar isso tudo", diz Juliette. "Eu sigo filmando para descobrir o que não sei, para ser surpreendida".

 

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