Uma casa para o legado de Burle Marx

Acervo do paisagista irá para Casa Cavanelas, joia modernista de Niemeyer em Petrópolis

Por Matheus Rocha (Folhapress)

Construída no ano de 1954, em Pedro do Rio, distrito de Petrópolis, a Casa Cavanelas é uma das menores construções de Niemeyer. A residência foi idealizada para o engenheiro Edmundo Cavanelas, que ganhou o projeto do arquiteto e de Burle Marx para a área externa

Dois dos maiores nomes do modernismo brasileiro vão se reunir novamente em um mesmo projeto. O acervo do paisagista Roberto Burle Marx será transferido para a Casa Cavanelas, imóvel assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e localizado na região serrana do Rio de Janeiro.

A expectativa é que 150 mil itens, entre desenhos, cartas, croquis e maquetes, sejam transferidos do bairro carioca de Laranjeiras para o novo endereço até 2028.

O acervo compreende um período de 70 anos e narra o nascimento de um Brasil que se pretendia moderno e que almejava dialogar com o futuro. A exemplo de Niemeyer na arquitetura, Burle Marx fez parte desse processo ao revolucionar o paisagismo nacional.

Se antes os jardins brasileiros buscavam inspiração no barroco francês e no romantismo inglês, com ele o foco passou a ser a flora nacional. Não à toa, é considerado o pai do jardim tropical moderno e um dos paisagistas mais importantes do século 20.

"Burle Marx deixou um acervo imenso. Parece que sabia que estava preservando a história, porque guardou documentos, fotografias e clipes de jornal separados por década", diz Isabela Ono, arquiteta paisagista e diretora-executiva do Instituto Burle Marx.

Criada em 2019, a organização tem como missão preservar e difundir o legado do paisagista. "De alguma forma, acho que ele guardou tudo isso por acreditar que serviria para o futuro."

É justamente para dar visibilidade ao acervo que o instituto terá como nova sede a Casa Cavanelas, imóvel construído nos anos 1950 para o engenheiro Edmundo Cavanelas morar com a família.

Continua na página seguinte