A história de "Now and Then" começa no final da década de 1970, quando John gravou uma demo com vocais e piano em sua casa no edifício Dakota, em Nova York. Em 1994, sua esposa, Yoko Ono Lennon, entregou a gravação a Paul, George e Ringo, juntamente com as demos de John para "Free As A Bird" e "Real Love", que foram concluídas como novas músicas dos Beatles e lançadas como singles em 1995 e 1996, respectivamente, como parte do projeto "The Beatles Anthology".
Ao mesmo tempo, Paul, George e Ringo também gravaram novas partes e concluíram uma mixagem preliminar de "Now and Then" com o produtor Jeff Lynne.
Naquele momento, limitações tecnológicas impediram que os vocais e o piano de John fossem separados para obter a mixagem clara e límpida necessária para finalizar a música. "Now and Then" foi engavetada, com a esperança de que um dia fosse revisitada.
Corta para 2021, e o lançamento da série documental "The Beatles: Get Back", dirigida por Peter Jackson, que surpreendeu os espectadores com sua premiada restauração de filme e áudio. Usando a tecnologia de áudio MAL da WingNut Films, a equipe de Jackson havia mixado a trilha sonora mono do filme, conseguindo isolar instrumentos e vocais, e todas as vozes individuais nas conversas dos Beatles. Esse feito abriu caminho para a nova mixagem de 2022 de "Revolver", obtida diretamente das fitas master de quatro faixas. Isso levou a uma pergunta: o que poderia ser feito agora com a demo "Now and Then"? Peter Jackson e sua equipe de som, liderada por Emile de la Rey, aplicaram a mesma técnica à gravação caseira original de John, preservando a clareza e a integridade de sua performance vocal original ao separá-la do piano.
Em 2022, Paul e Ringo começaram a completar a música. Além do vocal de John, "Now and Then" inclui guitarra e violão gravados em 1995 por George, uma nova parte da bateria de Ringo e baixo, violão e piano de Paul, que combinam com a interpretação original de John. Paul acrescentou um solo de slide guitar inspirado em George; ele e Ringo também contribuíram com backing vocals para o refrão.
Em Los Angeles, Paul supervisionou uma sessão de gravação no Capitol Studios para o arranjo de cordas docemente melancólico, característico dos Beatles, escrito por Giles Martin, Paul e Ben Foster. Paul e Giles também acrescentaram um último toque maravilhosamente sutil: backing vocals das gravações originais de "Here, There And Everywhere", "Eleanor Rigby" e "Because", incorporados à nova música, usando as técnicas aperfeiçoadas durante a produção do show e do álbum "Love". A faixa finalizada foi produzida por Paul e Giles, e mixada por Spike Stent.
Paul comenta: "Lá estava ela, a voz de John, cristalina. É bastante emotiva. E todos nós tocamos nela, é uma gravação genuína dos Beatles. Em 2023, ainda estar trabalhando em músicas dos Beatles e prestes a lançar uma nova música que o público ainda não ouviu é algo emocionante".
"Foi o mais próximo que chegamos de tê-lo de volta na sala, então foi muito emocionante para todos nós. Foi como se John estivesse lá, você sabe. É muito distante", completa Ringo.
Viúva de George, Olivia Harrison recorda aas gravações realizadas em 1995. "Depois de vários dias no estúdio trabalhando na faixa, George sentiu que os problemas técnicos da demo eram insuperáveis e concluiu que não era possível terminar a faixa em um padrão suficientemente alto. Se ele estivesse aqui hoje, teria se juntado a Paul e Ringo, de coração, para concluir a gravação de 'Now and Then'", assegura.
Para Sean Ono Lennon, filho mais novo de John, a emoção falou alto no processo de resgate da canção. "Foi incrivelmente comovente ouvi-los trabalhando juntos depois de todos esses anos desde que papai se foi. É a última música que meu pai, Paul, George e Ringo fizeram juntos. É como uma cápsula do tempo, tem o sentimento de que tinha que ser mesmo assim".
A empolgação e a expectativa por "Now and Then" vêm crescendo desde junho, quando Paul fez a primeira provocação sobre "uma nova música dos Beatles" em uma entrevista à mídia. Finalmente, na quinta-feira, 2 de novembro, "Now and Then" será compartilhada com o mundo, do jeito como foi feita para ser escutada.
Essa última parte da história gravada dos Beatles será seguida por novas edições dos dois álbuns de compilação, sempre vistos como a introdução definitiva ao trabalho deles. Desde sua estreia em 1973, as coletâneas "1962-1966" (o "Álbum Vermelho) e "1967-1970" (o "Álbum Azul") levaram incontáveis ouvintes de todas as idades, de todas as partes do mundo, a serem fãs dos Beatles por toda a vida. Expandidas para este novo lançamento Edição 2023 (marcado para 10 de novembro), as coletâneas abrangem todo o cânone gravado dos Beatles, com 75 faixas de destaque, desde o primeiro single, "Love Me Do", até o último, "Now and Then". As 21 faixas recém-adicionadas das coletâneas (doze no "Vermelho" e nove no "Azul") apresentam ainda mais das melhores músicas dos Beatles.
Nos últimos anos, várias faixas de "1967-1970" e algumas de "1962-1966" receberam novas mixagens em estéreo e Dolby Atmos para os lançamentos de álbuns das edições especiais dos Beatles, incluindo "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" (2017), "The Beatles" ("Álbum Branco") (2018), "Abbey Road" (2019), "Let It Be" (2021) e "Revolver" (2022), bem como novas mixagens em estéreo para "The Beatles 1" (2015). Todas as faixas que não foram incluídas nesses lançamentos foram mixadas em estéreo e/ou Dolby Atmos por Giles Martin e Sam Okell no Abbey Road Studios, com o auxílio da tecnologia de desmixagem de áudio da WingNut Films. Ambas as coleções incluem novos ensaios escritos pelo jornalista John Harris.