Profissão de fé no tropicalismo

Entre turnês e tema de livros ilustrados, Gilberto Gil manifesta desejo por mais tempo para ensaiar e testar novos repertórios

Por Lucas Brêda (Folhapress)

Gilberto Gil segue para giro europeu com direito a 19 shows no Velho Mundo

Gilberto Gil está ocupado. Entre shows, lançamentos e entrevistas, o artista, uma das maiores referências em termos de música no Brasil, não tem encontrado brechas para ensaiar músicas que gostaria de incluir no repertório de suas próximas apresentações - caso de "Ladeira da Preguiça" e "O Rouxinol".

"A exiguidade de tempo está muito forte", ele diz, falando à reportagem por vídeo, de sua casa no Rio. "Eu deveria ter mais tempo para ensaiar, testar e experimentar a entrada e saída eventuais de músicas. Mas estou sem tempo."

Gil se refere aos 19 shows que fará na Europa, entre o fim deste mês e o começo de novembro. Antes, em São Paulo, ele fez as últimas apresentações da turnê atual, "Nós a Gente", organizada pela Natura e em que toca com a família. Também é tema de dois livros ilustrados pelo artista Daniel Kondo, lançados pela WMF Martins Fontes.

A exemplo de ícones da música de outros países, caso de Bob Marley na Jamaica e Fela Kuti na Nigéria, a família de Gil mantém e desenvolve o legado artístico do patriarca. Mas, diferente dos outros dois, o tropicalista continua em atividade, e o trabalho musical dos herdeiros se dá em parceria com ele.

"São famílias que cresceram num ambiente saturado de música", ele diz, citando os contemporâneos que já morreram. "A reação química é muito favorável a essa precipitação. A música se precipita o tempo todo nos cadinhos."

Para Gil, na turnê encerrada encerrada sábado o palco acaba sendo uma extensão da própria convivência familiar. É um ambiente tão confortável que mesmo nos shows na Europa, em giro chamado "Aquele Abraço" e formato reduzido, ele será acompanhado pelos filhos Bem e José e pelos netos João e Flor.