'Mussum, o Filmis' tem primeira exibição pública no Festival de Gramado: Público vai gritar 'Cacildis'!

'Estou fazendo um filme sobre um preto pobre que entrou para a Aeronáutica, venceu no samba e fez sucesso como humorista na TV e voltou pra ensinar a mãe a ler e escrever, sem nunca ter deixado a Mangueira', enfatiza Guindane sobre 'Mussum'

Por Rodrigo Fonseca

'Mussum, o Filmis' recebeu 12 indicações

Por Rodrigo Fonseca

Especial para o Correio da Manhã

Rodado a partir do Carnaval de 2022, em locações no Rio, um dos longas-metragens mais esperados pelo audiovisual brasileiro, "Mussum, O Filmis", de Silvio Guindane, terá sua primeira exibição pública hoje à noite, no Festival de Gramado, em disputa pelo Kikito de Melhor Filme de 2023. Qualquer pesquisa de imagem que se faça sobre seu personagem central, Antônio Carlos Bernardes Gomes (1941-1994), num Google qualquer da web, já traz, entre as opções mais clicadas, o rosto do ator Aílton Graça. Cabe a ele fazer a recriação dos feitos do sambista mangueirense e eterno Trapalhão numa superprodução que pode virar um fenômeno de bilheteria.

Há 20 anos, Guindane consolidou seu prestígio nas telas do evento gaúcho ao protagonizar o premiado "De Passagem". Lá, estrelava o périplo de um jovem militar em busca de um amigo sumido. Agora, ele regressa como realizador.

Yuri Marçal vive Mussum jovem. Ailton encarna o Mussum do programa "Os Trapalhões". O projeto foi orçado em cerca de R$ 11 milhões e é produzido pela Camisa Listrada, de André Carreira, responsável por fenômenos como "Tudo Bem No Natal Que Vem" (2020). A gênese é um roteiro de Paulo Cursino.

"Não estou fazendo o filme do preto cachaceiro que tinha problema de dinheiro", afirmou Guindane ao Correio da Manhã durante as filmagens. Estou fazendo um filme sobre um preto pobre que entrou para a Aeronáutica, venceu no samba e fez sucesso como humorista na TV e voltou pra ensinar a mãe a ler e escrever, sem nunca ter deixado a Mangueira".

Apresentado ao cinema no cult "Como Nascem os Anjos" (1996), Guindane escreveu séries ("Acerto de Contas") e dirigiu um longa anterior para a Netflix ("Casamento à Distância") ainda inédito. "Vai ter muito de Mussum em 'Mussum', no meu empenho de falar com o público", diz Guindane. "No Brasil, se você olhar os números, quem lota o cinema, são classes B, C e D. E majoritariamente nas classes C e D temos populações negras. Quem mais alimenta o nosso cinema é gente preta, como eu, vendo o meu filme no Shopping Via Brasil, no Norte Shopping, no Grande Rio. É preciso sair da bolha. E eu, que venho da Baixada, nascido em Caxias e criado na Ilha, preciso fazer isso".