Ritche comemora no palco os 40 anos de 'Voo de Coração', seu álbum de estreia, e do mega hit 'Menina Veneno'
Só no Spotify são 40,5 milhões de execuções. O canal do artista no YouTube tem 206 mil inscritos com vídeos assistidos por 70 milhões de pessoas.
Por Affonso Nunes
"Menina Veneno", quem diria, chegou aos 40. É a história improvável de sucesso instantâneo de uma canção de cinco minutos, algo impensável para execução nas rádios nos anos 1980, como lembra seu autor, o cantor e compositor Ritchie, um britânico radicado no Rio desde os anos 1970 que abre nesta sexta-feira, às 22h, no Vivo Rio, a turnê "A Vida Tem Dessas Coisas" cantando esse e muitos outros hits.
"O sucesso de 'Menina Veneno' me surpreendeu. As gravadoras não aceitavam uma faixa daquele tamanho cantada em português por um inglês. Até que a Epic (um selo da CBS) enviou a demo da música para as rádios para avaliar se haveria retorno positivo", rebobina o músico.
A primeira rádio procurada foi a Verdes Mares, de Fortaleza. "Em vez de ouvir a faixa, o DJ colocou o ar e a emissora recebeu inúmeros telefonemas perguntando que música era aquela. Acabou tocando 'Menina Veneno' 12 vezes por dia. Era uma loucura", conta Ritchie. E o resto é história. O álbum "Voo de Coração", que marcava a estreia do artista em carreira solo, vendeu cerca de 1,2 milhão de cópias, batendo naquele ano de 1983 o álbum de Roberto Carlos, o maior nome da CBS.
O tempo passou rápido para o maior sucesso da carreira desse multi-instrumentista que passara pela lendária Barca do Sol e pelo cultuado Vímana, uma banda rock que tinha entre seus integrantes Lobão e um jovem guitarrista chamado Lulu Santos.
"Menina Veneno" atravessou as últimas quatro décadas sendo cantada por todo mundo, não importa a geração. Só no Spotify são 40,5 milhões de execuções. O canal do artista no YouTube tem 206 mil inscritos com vídeos assistidos por 70 milhões de pessoas. Mas não é só pelo sucesso do passado. Aos 71 anos, Ritchie segue em movimento seja relendo sua obra formato "ao vivo no estúdio" ou gravando álbuns digitais dedicados a ídolos como Cat Stevens e Paul Simon ou recordando rocks britânicos que fizeram sucesso nos anos 1960. "É um repertório afetivo, de canções que marcaram minha vida, e também um reencontro com minha língua nativa", diz o artista que antes de se dedicar totalmente à música dava aulas de inglês para se manter.
Para apresentar ao público canções como, "A Mulher Invisível", "Casanova", "Pelo Interfone", "Transas", além da própria "Menina Veneno" e de "A Vida Tem Dessas Coisas", Ritchie montou um show com elementos de modernidade. Até porque o cantor sempre teve uma pegada moderna, futurista. Nas canções de "Voo de Coração", já falava em holograma, computador pessoal, numa época em que esses equipamentos mal existiam. "Vamos ambientar esse espetáculo com a tecnologia atual para reforçar esse lado visionário que Ritchie sempre teve", adianta Steve Altit, empresário do músico.
SERVIÇO
RITCHIE - A VIDA TEM DESSAS COISAS
Vivo Rio (Av. Infante Dom Henrique, 85 - Parque do Flamengo)
11/8, às 22h - Ingressos entre R$ 90 e R$ 420
