Por: Rodrigo Fonseca

Marcos Bernstein volta às telas com thriller dramático sobre as sequelas do boom do armamentismo no país

Personagem de Claudia Abreu reage à violência urbana em 'Tempos de Barbárie - Ato I: Terapia de Vingança' | Foto: Rachel Tanugui/Divulgação

Por Rodrigo Fonseca

Especial para o Correio da Manhã

Autor de novelas como "Orgulho e Paixão" (2018) e "Além do Horizonte" (escrita em duo com Carlos Gregório, em 2013) e roteirista de prestígio entre público e crítica, Marcos Bernstein é um cineasta capaz de mesclar uma arguta análise de afetos geracionais com as mais variadas cartilhas de gênero.

Coautor (com João Emmanuel Carneiro e Walter Salles) de "Central do Brasil" (Urso de Ouro de 1998), ele vem criando um cinema muto particular. Sua estreia como realizador de longas-metragens, "O Outro Lado da Rua" (que vai comemorar 20 anos em 2024), mesclava um flerte entre dois indivíduos já numa fase outonal da vida (Fernanda Montenegro e Raul Cortez) em meio a uma investigação policial. O filme de ficção seguinte, "Meu Pé de Laranja Lima" (laureado com o prêmio Alice nas Cidades no Festival de Roma, em 2012), fundia melodrama aos códigos de painéis de infância, como "Esperança e Glória" e "Belfast". Depois veio a comédia romântica "O Amor Dá Voltas", que estreou em 2022, brincando (de forma doce) com conceitos de "Sessão da Tarde".

Agora, com o eletrizante "Tempos de Barbárie - Ato I: Terapia da Vingança", recém-chegado ao circuito, o realizador regressa fazendo uma mistura brasileiríssima de "OldBoy" com "Desejo de Matar", que está mais atenta às mazelas inerentes à proliferação das armas de fogo de que à catarse pela adrenalina. Sua trama é detonada por uma tragédia. Durante uma tentativa de assalto, a filha da advogada Carla (interpretada por Cláudia Abreu) é baleada e fica em estado grave. Sem respostas, Carla tenta seguir a vida buscando ajuda em grupos de apoio. Sem conseguir aceitar o destino da filha e a falta de soluções por parte da polícia, transforma a busca por justiça em uma procura por vingança e testa o seu próprio limite para ver até onde poderia ir.