Por Rodrigo Fonseca
Especial para o Correio da Manhã
Afogada no fosso da correção política, incapaz até de lidar com seu próprio nome, sob suposta acusação de sexismo, a saga dos X-Men nas HQs anda passando por momentos difíceis, sem a comunicação que tinha com o público leitor - em qualquer parte do mundo - principalmente nos anos 1980 e 1990, quando virou uma febre mundial à força das ilustrações de Jim Lee e de uma série de desenhos animados popularíssima. Revirando esse passado de glórias do grupo chefiado pelo Professor Xavier, a editora Panini Comics foi ressuscitar um dos momentos de maior apogeu dos Filhos do Átomo na indústria editorial: a minissérie "Longshot", publicada lá fora em 1985 e iniciada aqui em novembro de 1988, na extinta "Superaventuras Marvel", da ed. Abril. A roteirista Ann Nocenti e o desenhista Art Adams criaram o personagem título dessa série lisérgica, que volta agora às bancas num encadernado de 144 páginas, já em pré-venda.
Sempre encourado num uniforme de cor preta com uma estrelinha à altura do peito, a sacudir seu mullet por beiras de abismos e por fios de alta tensão, Longshot é um mutante dotado de um singular poder de boa sorte: qualquer ação que ele arrisque fazer é imune ao azar. Saltar precipícios que seriam queda imediata para qualquer ser com ele é um acerto garantido. Da mesma forma, a chance de ele errar o alvo ao lançar as pequenas lâminas que carrega consigo são 0%. Não por acaso, ele vai trabalhar como dublê, na equipe de Rita Ricochete, levando a seu lado (sempre) uma criatura com jeitão de cachorro, mas com habilidades de fala (e outras proficiências) chamada Magog. O problema de Longshot é não ter noção de quem é, de onde vieram suas habilidades e de sua conexão com o Mojoverso, uma espécie de reality show das estrelas, feito numa dimensão paralela por uma criatura superpoderosa chamada Mojo, uma espécie de Silvio Santos com a força de uma divindade, interessado em controlar multidões com a força do entretenimento. Uma assecla de Mojo, Espiral, uma assassina de seis braços, será uma das principais adversárias do herói e sua equipe.
Em 1991, a Ed. Abril compilou as aventuras de Longsot num especial encadernado, que, hoje, vale uma bela grana no Mercado Livre e em sebos virtuais. A nova edição da Panini resgata esse mesmo material, com um tratamento gráfico exemplar, relembrando dos tempos em que o personagem passou a fazer parte dos X-Men, como integrante regular do grupo.
Quem quer ficar à parte das atuais publicações dos vigilantes chefiados por Charles Xavier no Brasil não deve perder a saga "Vingadores - X-Men - Eternos: Juízo Final", já à venda. Vale gastar uma baba (R$ 164,90) na pataca "Novos Mutantes: Renovação", reunindo artistas como Bill Mantlo, Bob McLeod, Chris Claremont, Frank Miller e Ron Frenz. Outra pedida obrigatória é a reedição de luxo da graphic novel "Wolverine & Nick Fury: Conexão Scorpio", que mobiliza bambas das HQs como Archie Goodwin, Howard Chaykin, John Buscema, Shawn McManus e Tom DeFalco em seu time de criadores.