Por Redação
Que as bets, as famosas apostas esportivas feitas em plataformas eletrônicas, estão ganhando cada vez mais projeção não é segredo. Inclusive, em um comparativo da Agência Brasil, no primeiro semestre de 2024, uma média de 3,5 milhões de pessoas passaram a fazer apostas - um intervalo de tempo bem menor do que o coronavírus levou para contagiar o mesmo número de pessoas no Brasil.
Mas, o que se é pouco explorado, é que o hábito de tentar a sorte nas plataformas, que, por vez, surgem por influência de celebridades, figuras públicas e até atletas do meio esportivo, podem desencadear efeitos psicológicos nocivos.
A psicóloga Amanda Cunha afirmou que existem sinais que indicam quando uma pessoa está sofrendo com o vício em apostas: isolamento social, excesso de tempo destinado aos jogos, deixar de realizar tarefas importantes em decorrência das apostas, comportamentos disfuncionais como irritabilidade e ansiedade quando a pessoa é privada dos jogos, são alguns dos indicativos que as pessoas devem ficar mais atentas.
"É possível observar um perfil de pessoas mais suscetíveis ao vício. Pessoas entre 25 a 55 anos, desempregadas, emocionalmente vulneráveis, ansiosas e depressivas podem ver as apostas como uma fuga da realidade", explicou. E claro que, para além dos danos psicológicos, há os fatores financeiros.
Danos emocionais, mas também materiais
Por uma questão de privacidade, os entrevistados desta reportagem não foram identificados. Um homem, na faixa dos 30 anos, revelou ao Correio Sul Fluminense que chegou a apostar praticamente toda sua poupança, que chegava em um valor aproximado de R$ 10 mil. O valor estava sendo reservado para dar entrada na compra de um carro e ainda, tenta recuperar o valor.
"Eu fiquei desesperado e falei com a minha mãe, 'perdi todo meu dinheiro mãe, perdi o dinheiro do meu carrinho'. Mas infelizmente, tive que lidar com as consequências disso", afirmou o entrevistado.
E esta realidade não está muito distante. Uma mulher afirmou que um familiar próximo era viciado em jogos de aposta e, o caso foi tão sério, que chegou a perder a casa e o carro e hoje, mora de aluguel. "Todo dinheiro que ganhava, apostava. Era jogo do bicho, nas bets, tudo na verdade é a mesma coisa. A pessoa vê o que ganhou mas não tem consciência do que perdeu", declarou.
Outro caso foi o de uma amiga próxima que decidiu baixar o jogo no celular após ver um outro perfil nas redes sociais fazendo a propaganda do aplicativo. "No início, parece que sempre ganha. E vai aumentando os valores, ganhando mais coragem e quando viu, perdeu cerca de R$600,00 em poucos dias", revelou.
Apostadores
buscam a Justiça
Os atrativos para acessar as plataformas não são poucos. Entre as promessas: ganhar 100% do valor entre R$500 a R$ 6 mil, que caem de forma rápida via PIX, com mais e mais créditos para continuar influenciando o jogador a permanecer no app.
No entanto, como noticiado na edição de 02 de setembro, na Coluna Magnavita, no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) há pelo menos 45 processos, tendo como parte dessas ações as 15 principais bets que atuam no país como a Bet365, Betano, Sportingbet, Amuletobet, 1xBet, Betfair, Blaze, Esportes da Sorte e Estrela Bet.
Entre as petições iniciais, os apostadores relataram bloqueio ou suspensão de conta vinculada ao site da apossa, valores aplicados não devolvidos, crédito indisponível para saque - e a lista só aumenta.
*Com informações da Agência Brasil