Por Sônia Paes e Ana Luiza Rossi
Alinhado com a pauta política do PT, o candidato à Prefeitura de Volta Redonda, Alexandre Habibe, fala sobre os pilares de seu governo em uma eventual vitória nas eleições de outubro. A Educação é elencada como prioridade, assim como o desenvolvimento tecnológico, vislumbrando um crescimento econômico a longo prazo do município.
E mais: Habibe é enfático ao afirmar que não há desenvolvimento isolado, mas é otimista com relação ao futuro: "O Brasil tem que crescer, está crescendo e vai continuar a crescer", prevê, batendo na tecla do combate à desigualdade social.
- Precisamos sair do mesmo e parar de viver nos anos 70 e 80 e caminhar para o ano 2030, olhando para 2040. Temos que construir esses novos eixos, baseados na saúde, educação, na indústria de recuperação, ambiental, porque essa é nossa expertise - resume.
Crise no Rio
reflete no interior
O candidato do PT faz uma volta no tempo para situar o momento atual: "Não podemos falar de Volta Redonda, sem fazer uma análise do que aconteceu no Rio de Janeiro", afirma, e continua:
- O Rio passou por momentos terríveis: deixou de ser a sede da capital federal, em 1960, e em paralelo levaram todas as estruturas do funcionalismo público para Brasília. Outro baque. Em um segundo momento tivemos as privatizações, as sedes das estatais eram no Rio. Foi um desmonte do Rio. Não estou fazendo juízo de valor, se as privatizações foram boas ou ruins, estou falando do que aconteceu com o Rio - afirma Habibe.
Ele continua a análise ainda sobre a capital carioca e fala da descoberta do pré-sal, no Rio, onde fica a maior parte da exploração: "Tivemos que dividir com outros estados. Ora, Minas Gerais não divide o minério com o Rio. Isso quebrou o Rio há uns 7 anos atrás", diz, referindo-se à queda na arrecadação de impostos no Estado e, consequentemte, a redução do repasse para os municípios.
No caso de Volta Redonda, afirma Habibe, o município sofreu diretamente com o processo de privatização da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) nos anos 90. "A partir daí, tem uma nova cidade, uma siderúrgica que não tem compromisso com a cidade", disse.
Na opinião dele, o caminho para minimizar o impacto social e econômico é justamente a atração de empresas voltadas para a para a área tecnológica. "Temos que acabar com esse jogo. Trazer para Volta Redonda um conjunto de empresas com o compromisso, com a sua perenidade e agregar mais valor via tecnologia. Com isso, vai precisar de pessoal mais qualificado", explica.
Com relação à falta de áreas no município, Habibe fala em usar espaços disponíveis que não são usados em Volta Redonda, chamando, inclusive, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento e Econômico Social) para participar de negociações entre todos os envolvidos. "Fazer isso com muita transparência e chamar esses atores para negociar", afirma, recordando-se que a CSN historicamente recebeu terras para fazer investimentos, "isso mesmo antes da privatização".
Moeda Social
O candidato do PT fala sobre a criação da moeda social, que consta em seu plano de governo. A ideia seria implantar uma política similar, a existente em Maricá, no Rio, governada pelo PT. "A nossa vai se chamar "Arigó" (nome dado aos trabalhadores que vieram para Volta Redonda na época da criação da CSN)", aposta Habibe.
Os beneficiários da moeda social seriam os cadastrados no programa Bolsa Família, do governo federal. Elas receberiam um tipo de abono para ser usado no comércio local, como forma de incrementar a economia. "Isso representaria 1% do orçamento de Volta Redonda", informa, falando que seria uma cesta básica para as famílias que já recebem o bolsa família.
'Tarifa zero'
Habibe explica que é preciso desmistificar o tema sobre a proposta do Tarifa Zero e cita como exemplo, novamente Maricá, onde funciona um modelo híbrido. "Todos teriam o ônibus liberado. O município assume o compromisso e paga por quilômetro rodado", diz, ressaltando que atualmente o município subsidia uma parte das passagens de ônibus. "É viável, basta priorizar", afirma.
O passaporte universitário é outra proposta do petista. "Sentar e negociar, como é feito em algumas prefeituras do PT. O município diz quantas vagas precisa e negocia com as empresas", afirma, concluindo sobre a necessidade de ter um percentual do orçamento municipal - em torno de 5% - para atrair campus de pesquisa.