Por Ana Luiza Rossi
O Movimento Ética na Política (MEP) e a OAB de Volta Redonda promoveram na noite de quarta-feira, dia 14, o Painel Eleitoral Eleições de 2024, dividido em quatro blocos com a participação da imprensa, instituições e de internautas que acompanharam as discussões pelo YouTube.
Entre os pré-candidatos, esteve José de Arimathéa (PSB), Jamaica (PCO), Maicon (PSTU), Mauro Campos (Novo), Professor Habibe (PT, PcdoB, PV) e Samuca Silva (PSDB). Ausente, o pré-candidato à reeleição Antonio Francisco Neto (PP). O encontro, mediada por sorteio e tempo de resposta, discutiu as problemáticas da cidade e as perspectivas de governo de cada pré-candidato.
Arimathéa
A primeira pergunta respondida por Arimathéa foi sobre a educação e os direitos dos profissionais da área. O pré-candidato, que é professor, afirmou que não acredita em outro modelo educacional que não seja o período escolar integral. "Se a gente não tivesse destruído esse sonho a partir dos Cieps e Brizolões, a gente tinha outro Estado do Rio de Janeiro". Ainda explicou que, em sua experiência, na gestão municipal de Pinheiral, foi conhecido por conversar diretamente com os sindicatos da rede, além de implantar o piso.
O pré-candidato também colocou a proposta do novo sistema educacional como enfrentamento do consumo de drogas entre os jovens. Ele destacou que a questão da violência, se atrela à segurança, é função do Estado, mas o município também é responsável. "Por isso, é dar continuidade, fortalecer e apoiar o Estado e a União, para que possamos criar uma estrutura para fazer esse combate", disse.
Arimathéa colocou como um dos maiores problemas que o município enfrenta ao longo de 30 anos: segundo ele, "não conseguir estruturar políticas públicas voltadas para o transporte e também de abrir novas licitações para novas empresas de ônibus atuarem na cidade".
Mauro Campos
Questionado por uma representante do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) sobre incentivos à inovação e empreendedorismo entre os jovens, Mauro Campos afirmou que esteve recentemente em São José dos Campos, no Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos (PIT), para levantar inovações trazidas por empresas estrangeiras, instaladas na cidade. Segundo Mauro, é possível proposa de incentivos, novação e digitalização.
O pré-candidato, empresário na área da engenharia civil, afirmou que, por experiência própria, trouxe toda sua linha de gerência embasada na inovação tecnológica. "Temos várias universidades. Estamos em um lugar muito propício, próximo ao Rio, São Paulo, Belo Horizonte e, a exemplo, São José dos Campos que aceitou vir a Volta Redonda. O partido Novo chegando à prefeitura, fará uma consultoria (com o PIT) e irá trazer sua experiência vitoriosa", disse.
Sobre os investimentos para o patrimônio cultural de Volta Redonda, Mauro afirmou que está abandonado. A intenção de seu governo seria criar um banco de projetos para que entidades e grupamentos apresentem propostas e a prefeitura, em parceria, realize uma captação de recursos e condições para implementações do projeto por empresas e investimentos privados. "Temos a Lei Rouanet, leis estaduais e até municipais que, por falta de um projeto bem elaborado, não se consegue financiamento. O grande problema que Volta Redonda tem enfrentado é que os projetos são de governo. Precisamos de tratar da cidade com projetos de Estado", explicou.
Professor Habibe
O professor Habibe falou sobre o problema do meio ambiente, "com poucos investimentos conjuntos das cidades". O pré-candidato, que é engenheiro mecânico, explica que o assunto impacta quando o visual da cidade e das casas ficam cinza e que isso, é o menor dos males.
- Não vemos influentes químicos, oleosos e nem os gases que estão sendo liberados continuamente pela falta de manutenção de uma siderúrgica cansada como é a CSN -disse. Para isso, afirmou que o município deve "provocar" instituições que possuem a responsabilidade de firmar um compromisso ambiental, seja pelo Ministério Público ou Inea (Instituto Estadual do Ambiente).
-Precisamos muito investir em tecnologia verde nessa cidade, buscando outras tecnologias e outras empresas que possam com a gente construir um caminho mais legal o possível e sustentável para nossa vida -explicou.
Outro tema pautado foi sobre a ocupação de espaços que estão sem função social e sobre a implementação do IPTU progressivo. Habibe se comprometeu em por isso em prática, caso eleito. Como exemplo, citou o Recreio dos Trabalhadores, pertencente à CSN. "É fundamental que tenhamos uma política revista da ocupação do território, dos gabaritos e de novas tecnologias. Temos que abrir a cidade as iniciativas que tragam trabalho, emprego e desenvolvimento. Essa cidade não pode ficar restrita a ter cidades embargadas e fechadas, aguardando sua valorização por especulação", explicou.
Na área da educação, no que tange as vagas disponíveis de creches que atendem em tempo integral, o pré-candidato afirma que há uma insensibilidade do poder público ao garantir o direito de escolas, alimentação e creches em horário integral. "Nós temos que costurar o tecido social. Todo mundo é importante. A creche e a ampliação das vagas é fundamental para que a cidade possa ter esperança", concluiu.
Samuca Silva
Diferente dos outros pré-candidatos presentes, Samuca Silva já foi prefeito entre 2017 e 2020. No bloco de perguntas, entre as perspectivas futuras para educação, o ex-prefeito afirma que o setor precisa do piso nacional e melhorar a remuneração do professor. "Profissional de libra dentro da sala de aula, foi esquecido, o auxiliar, e isso tudo no meu governo. O governo desmantelou a educação pública", acusou.
Para a área da mobilidade, Samuca propôs ampliar o Tarifa Zero, com ônibus gratuitos para os bairros Santo Agostinho, Ponte Alta, São Lucas, São Luiz e manter o ponto no Retiro. "Não vou interferir no sistema de concessão, é a única forma que possamos resolver a questão do transporte público", disse. Em complemento para a saúde, o pré-candidato afirma que é preciso atender os 15% da aplicação constitucional que não é atendido pelo governo atual e, ainda, finalizar as obras iniciadas nas unidades públicas. E complementou que é preciso voltar com os pediatras. "É um absurdo não ter pediatra hoje e a cidade ter que ir no Retiro. Só pode falar isso quem conhece a máquina pública".
Ainda na área da saúde, ao ser questionado sobre a administração do Hospital do Retiro, Samuca afirma ter cometido um erro. A empresa contratada atrasou o salário dos profissionais da saúde e afirma que isso colocou "uma faca no pescoço do Executivo".
Para fechar a discussão com meio ambiente, Samuca mencionou a criação do Jardim Botânico Municipal Antonieta Barreira Cravo. "A Ilha São João foi desmatada na década de 80 e tinha um TAC ambiental de R$6 milhões de dinheiro privado para recompor a mata. Simplesmente foi abandonado", disse.
Jamaica
O pré-candidato Jamaica afirma apoiar todas as entidades dos demais segmentos na cidade. "O povo vai fazer parte da prefeitura. Os aposentados, metalúrgicos que, antes, faziam parte", disse. Com relação à capacitação profissionalizante de jovens para o mercado de trabalho, Jamaica afirma que hoje há vários galpões inutilizados que podem ser transformados, em parceria com a própria CSN, para inserir novos cursos e abrir espaço para novas contratações na siderúrgica. "Nós temos obrigação em cuidar dos jovens".
Para encerrar, Jamaica afirmou que a proposta do PCO para a mobilidade urbana e transporte é expandir as conversas para que outras empresas possam atuar em Volta Redonda. "A prefeitura pode comprar novos ônibus e ser da Tarifa Zero. Se o transporte não melhorar, nós faremos isso, sem medo nenhum".
Maicon
Maicon, que também está disputando pela primeira vez à prefeitura de Volta Redonda, ao ser questionado sobre maneiras de contemplar todos os segmentos religiosos não conseguiu responder dentro do tempo de que maneira contemplaria, por exemplo, o etor.
Ao ser questionado sobre o funcionalismo e a criação de emprego para os jovens, afirmou: "Os jovens de Volta Redonda não têm perspectiva para o futuro. Enquanto nós tivermos nas mãos da CSN, uma empresa predadora, enquanto tivermos um comércio 6x1, que na verdade é a oitava praga do Egito sobre nosso povo, nossos jovens não têm perspectiva e nem dignidade".
Para concluir sua fala, Maicon trouxe a discussão de que as pessoas em situação de rua é uma questão de saúde pública. "São invisibilizados. São criminalizados. Nenhuma família aqui dessa cidade está imune de ter um dos seus filhos cair na situação de rua", concluiu.