Nissan completa 10 anos de olho no mercado externo

Empresa da Nissan quer transformar fábrica de Resende em um hub de exportação

Por Sônia Paes

Empresa alia tecnologia à humanização em sua fábrica no complexo industrial de Resende, no sul do Rio de Janeiro

Em um tour em todas as etapas de produção, a Nissan mostrou na prática como será desenvolvido o plano de investimentos, iniciados esse ano com previsão de serem concluídos até 2025. A montadora japonesa irá produzir na fábrica de Resende dois novos veículos utilitários esportivos (SUVs) e irá montar um motor turbo.

A boa notícia para o Médio Paraíba a curto prazo é de que seis fornecedores já estão negociando para se instalarem na região. Com isso, haverá geração de novos empregos e incremento na economia. A montadora emprega atualmente, em dois turnos, 2.050 empregados diretos e mil indiretos, totalizando algo em torno de 3 mil empregos.

Localizada no segundo maior polo automotivo do país, a Nissan completa 10 anos de fundação na planta de Resende e aposta na tecnologia aliada a uma gestão humanizada para enfrentar seus concorrentes.

Em janeiro, oito novos robôs instalados nas áreas de pintura e de plástico. A instalação ampliou para 113 o total de equipamentos em toda a unidade e mais 160 AGVs (Automatic Guided Vehicles): pequenos carrinhos robotizados que circulam pelas linhas de produção.

Exportações

De olho no mercado externo, a Nissan quer alçar voos mais altos e se consolidar como um hub de exportação. A unidade atende, além do mercado brasileiro, uma parte da América do Sul e visa exportar um de seus novos veículos para mais de 20 países.

A unidade começou a exportar o Kicks, o seu pupilo, em 2021, quando o carro desembarcou na Argentina. A empresa já abastecia oito países da América Latina. Argentina, Bolívia, Chile, Costa Rica, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai com os modelos March, que saiu de linha, e o Versa fabricado agora em uma versão atualizada.

'Um bebê de 10 anos'

Ao comemorar os 10 anos de fundação, completados nessa segunda-feira, dia 15 de abril, a direção da Nissan mostrou que preza pela história. Mesmo que ela esteja só no começo. O diretor de comunicação corporativa, Rogério Louro, fala que a fábrica de Resende é considerada um "bebê" se comparada as outras montadoras. "Mesmo assim, achamos importante marcar essa data. A história é algo muito importante para uma sociedade e começa a ser feita desde os primeiros anos", explica Marcelo, durante apresentação que fez à imprensa, na tarde de terça-feira, dia 16.

Depois de mostrar números e explicar sobre os projetos, os jornalistas percorreram as linhas de produção, ao lado de funcionários que explicaram cada etapa da produção de um carro. Como no Japão, os colaboradores são orientados a trabalharem com risco zero de acidentes e a praticarem "Yoshi yoshi". Trata-se de uma técnica de segurança usada toda vez que um funcionário atravessa um corredor ou rua, mesmo que sem movimento aparente.

O gesto de apontar e dizer "Yoshi" garante que a pessoa está concentrada no que está fazendo e, assim, mantendo a sua segurança. Outra medida inédita de segurança: quando o motorista se desloca dentro da fábrica, ele buzina uma vez para sinalizar que está seguindo em frente. Se estiver dando marcha à ré, ele dá dois toques na buzina.

Diversidade na prática

A direção da Nissan faz questão de ressaltar que a diversidade entre os funcionários é fundamental. No chão da fábrica ela é evidenciada com a pintura de faixas com as cores do movimento LGBTQIA . São feitos ainda treinamentos para conscientização no que diz respeito à pluralidade. Além disso, a empresa adota a política de letramento racial, um conjunto de práticas com a finalidade de reconhecer, criticar e combater atitudes racistas em seu dia a dia.

-É importante que todos sejam respeitados, independente de qualquer coisa. O que nos interessa é a dedicação, segurança e respeito pelo outro - disse Rogério, ao lado de Marcelo Marchiori, diretor sênior de produção. O diretor de produção, Donizete Silva e a gerente sênior de comunicação corporativa, Mila Poli, também acompanharam a visita. E mais: a apresentação feita aos jornalistas teve a participação de uma intérprete de libras.

Mulheres no comando

Quando o assunto é o público feminino, até então com pouco espaço na área automotiva, a Nissan apostou também. Em 2021, elas correspondiam a 9,6% do total de funcionários da fábrica, em 2024 esse número aumentou para 20%. Ou seja, a participação feminina dobrou nos últimos três anos no complexo da Nissan em Resende.

Detalhe: Nos programas destinados a formação das futuras equipes do complexo industrial as mulheres já são maioria. Na edição 2024 do Programa de Estágio da Nissan, por exemplo, as mulheres representam 54% do total de participantes e, no Programa Jovem Aprendiz, elas correspondem a 58%. Dentre a liderança da planta, as mulheres representam 12% do universo de líderes.

A fábrica em números

Área total: 3.050.000 m2

Área construída: 220.000 m2

Capacidade de produção: 200.000 veículos e 200.000 motores em 3 turnos (atualmente, opera em 2 turnos)

Funcionários: 2.050 (3.000 incluindo terceiros)

Automatização: 113 robôs e 176 AGVs (Automatic Guided Vehicles), robôs autoguiados que conduzem carrinhos de peças e plataformas

Veículos: Nissan Kicks

Motores: 1.6 16V flexfuel

619.453 veículos produzidos (até março de 2024)

604.940 motores produzidos (até março de 2024)

90.745 veículos exportados (até fevereiro de 2024)

*Colaborou Ana Luiza Rossi