Por Ana Luiza Rossi
Nesta quinta-feira (18) a prefeitura de Volta Redonda comunicou que abrirá contratações, de caráter emergencial, para o cargo de cuidador educacional. Segundo levantamento da Secretaria Municipal de Educação (SME), cerca de 900 crianças com algum tipo de deficiência ou condição especial estão sem acompanhamento exclusivo. Ainda, escolas municipais de carga horária integral estariam enviando os alunos mais cedo para casa pela falta de auxiliares.
Em entrevista ao Programa Dário de Paula, o prefeito Antonio Francisco Neto citou que as contratações por terceirização, para regularizar o déficit no quadro educacional já que, ao que tudo indica, não houve número suficiente nas convocações de concursos públicos e processos seletivos abertos pela prefeitura.
A contratação foi acertada durante uma reunião realizada entre o secretário municipal de Educação, Osvaldir Denadai. Na ocasião foi apresentado o resultado de um levantamento realizado pela SME, que identificou uma crescente demanda de alunos com deficiência que necessita de cuidador. Para atender a essa demanda, era necessária a contratação imediata de 80 cuidadores. O prefeito Neto autorizou a contratação de 100 cuidadores, devido à rotatividade desses profissionais. Vinte deles ficarão dentro das escolas sendo treinados para que, caso algum profissional saia, eles estejam aptos para exercer sua função.
Os candidatos deverão ter o Ensino Fundamental completo. A remuneração para carga horária de 44 horas semanais (manhã/tarde e/ou tarde/noite) é de um salário-mínimo (R$ 1.412,00), acrescida de auxílio-alimentação (R$ 350,00), gratificação social (R$ 200,00), totalizando o valor bruto de R$ 1.962,00. Os interessados deverão entregar seu currículo até as 12h do próximo dia 24, através do e-mail [email protected], ou pessoalmente na sede da SME (Rua Santa Helena, nº 22, no bairro Niterói).
Categoria denuncia
Em março, o Correio Sul Fluminense apurou que a alta rotatividade dos auxiliares educacionais em Volta Redonda se deve não somente pelos salários baixos, mas principalmente, pela carga horária e rotina exaustiva. Entre as atribuições, além de acompanhar e auxiliar em sala de aula, é preciso cuidar da alimentação, higiene corporal e bucal dos alunos atendidos.
O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação de Volta Redonda (Sepe-VR), em comunicado à intenção do prefeito Neto em terceirizar, afirmou em nota que a contratação temporária é abandonar os servidores públicos. "A carência desses profissionais nas redes se dá pelos baixos salários e carga horária desumana. Para sanar essa violação de direitos que atinge diretamente quem mais cuidados precisa, é necessário tratar com responsabilidade e justiça esse setor".
Pais discordam
Apesar do avanço, de acordo com Rafael Marques, pai de um filho com autismo e que também faz parte de um grupo de pais atípicos, a ação é paliativa. "Precisamos ter mediadores não cuidadores, temos que ter pessoas especializadas preparadas para lidar com nossos filhos. Tem o PEI (Programa de Educação Individual) feito e preparada para cada aluno especial. O prefeito e a secretária de educação estão tentando tampar o sol com a peneira", criticou.
Ainda, Rafael demonstrou preocupação pelo fato das vagas cobrarem apenas ensino médio. "Na minha opinião como pai de um autista, precisamos de pessoas preparadas. Estão tentando mais uma vez abafar esses casos com salário baixo, pessoas sem preparo e sem conhecer o autismo, sem conhecer o TDH e entre outras doenças ocultas. Sou a favor sim de contratar pessoas capacitadas, com conhecimento na área e que possa ajudar mesmo de verdade no desenvolvimento dos nossos filhos".
