Roberta Caulo
A novela da concessão da água na cidade de Valença parece que vai ter mais um capítulo. Está chegando ao fim o terceiro contrato emergencial que a prefeitura fez com a Cia da Água. A autarquia assumiu o primeiro contrato em 1º de agosto de 2022, que venceu em 15 de novembro de 2022. O segundo contrato emergencial começou no dia 16 de novembro de 2022 e venceu no dia 15 de maio de 2023. E o terceiro contrato emergencial, que começou no dia 16 de maio de 2023, vence no próximo dia 15 de maio de 2024.
Os contratos emergenciais da Cia da Água tiveram início em 2022, atendendo uma decisão judicial, quando o prefeito Fernandinho Graça assinou no dia 12 de fevereiro, decreto tirando da Companhia Estadual de Água e Esgoto - Cedae, a responsabilidade sobre o abastecimento de água em todo o município.
Na época, o prefeito autorizou que a empresa Epac Esba Estruturadora de Projetos, assumisse o sistema por um período de 180 dias, em caráter emergencial, até que a administração municipal elaborasse estudos necessários para alterar a gestão dos serviços.
Atualmente, a prefeitura tem duas comissões montadas para tentar encontrar uma solução definitiva para essa situação, que já se arrasta por anos.
Segundo o coordenador geral da Cia da Água em Valença, Erasmo Romano, os 13 anos em que a Cedae ficou na cidade foram danosos à população. "A população não tinha para quem reclamar, não tinha laboratório, era tudo muito precário".
Ele afirma ainda que o contrato emergencial atual, pelo qual a Cia da Água atua, é precário.
- O contrato prevê que somos obrigados a operar nas condições atuais, portanto, não temos muito o que fazer e nem dinheiro para investir - explicou o coordenador, salientando que a água que abastece a cidade vem do Rio das Flores. "Fazemos o controle da água que é captada e distribuída".
Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Guilherme de Oliveira Reis, o município está desde 2019 fazendo estudos para viabilidade, tanto para o processo de concessão ou de modalidade. "Foi feito concurso 001/2021 para escolha do melhor modelo de gestão do serviço de saneamento. O município tem feito algumas ações com a Epac, fazendo estudo de chamamento público para a apresentação de propostas para o melhor modelo de gestão", disse.
Reclamações
A professora Andreia Campos, do bairro Benfica, afirmou que a qualidade da água que tem chegado em sua casa, não tem sido das melhores.
- Quando lavo roupa não deixo a água cair diretamente na peça porque fica amarela. Minha caixa d'água, inclusive, foi lavada recentemente. Olhando de perto parece que tem um pó na água - detalhou. A professora contou ainda que levou alguns alunos para conhecerem o tratamento que a Cia da Água faz.
Outra reclamação veio da Maria do Patrocínio, moradora da rua Sabino Dantas. Segundo ela, a situação da água está em péssima qualidade.
- Na minha casa, logo após passar pelo hidrômetro, a água entra em nossa residência bem encardida, para não dizer barrenta. Após alguns momentos com torneira aberta, vai clareando um pouco. Aqui em casa, antes de atingir a caixa d'água, a água passa pelo filtro de rua, onde deixa parte das impurezas e prossegue até seu repouso. Normalmente, o filtro de rua tem necessidade de passar por lavagem, no mínimo, uma vez por semana, isto porquê nosso consumo não é tão grande. O excesso de cloro também é outro problema. Já tive um processo alérgico por conta disso - contou.
O coordenador geral da Cia da Água em Valença afirmou ao jornal Correio Sul Fluminense, que monitoram mais de 100 grupo de WhatsApp para dar suporte à população.
