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Via Dutra é uma bomba relógio e obras só no papel

Urânio enriquecido sai do Porto do Rio em direção a Resende pela Dutra | Foto: Divulgação/INB

Sônia Paes

O início da tão sonhada obra da Serra das Araras, na Rodovia Presidente Dutra, que liga as capitais Rio e São Paulo, depende agora da emissão de licenças complementares pelos órgãos governamentais. Em fevereiro, a CCR RioSP, que administra a rodovia, recebeu do Instituto Estadual de Ambiente (Inea), órgão do Governo do Estado do Rio, a Licença de Instalação das obras.

Pelo projeto, será construída uma nova pista de subida, sendo que a atual será adequada para ser exclusivamente de descida. Ambas terão quatro faixas de rolamento em cada sentido, num total de 16km. Com essa melhoria, a velocidade permitida no trecho passará de 40km/h para 80km/h.

O projeto prevê ainda outras obras de complementação, como construção de novos viadutos e duas áreas de escape. Segundo a concessionária, as melhorias têm a finalidade de melhorar a fluidez no tráfego da Serra das Araras, por onde circulam mais de 390 mil veículos por mês. No período de execução dos serviços, será criado um planejamento para cada fase, a fim de minimizar os impactos no tráfego.

Serão feitos investimentos da ordem de R$ 1,2 bilhão, com expectativa de gerar aproximadamente 5 mil empregos diretos e indiretos. A previsão de conclusão dos serviços é para o sexto e sétimo ano de concessão. Ou seja: 2028 e 2029, respectivamente.

A CCR venceu o leilão e renovou posse da concessão em 2021. Na época, concorreu apenas com a Ecorodovias. A Rodovia é considerada a joia da Coroa das licitações rodoviárias devido a receita anual que ultrapassa a casa de um bilhão de reais. Só para se ter uma ideia, a rodovia representa mais de 10% do faturamento total da CCR.

Além disso, a rodovia conecta mais de 35 municípios e seus 402 quilômetros são responsáveis pelo transporte de mercadorias que equivalem à metade do PIB (Produto Interno Bruto) nacional.

Traçado original e cargas nucleares

O traçado da Serra das Araras ainda é o original, de 1928, que não comporta o alto volume de carros e de caminhões. Devido ao problema, desde 1996 são prometidas obras que até os dias de hoje não saíram do papel. Um outro agravante no trecho que corta a região do Médio Paraíba é o transporte de cargas perigosas.

Em 26 de fevereiro, por exemplo, foram transportadas 20 toneladas de Hexafluoreto de Urânio (UF6) do porto do Rio de Janeiro até a Fábrica de Combustível Nuclear (FCN) em Resende, interior do Sul do Rio. O material nuclear é usado na produção de elementos combustíveis para as Usinas da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis, na região da Costa Verde.

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