Por Sônia Paes
Em pelo menos quatro municípios do Médio Paraíba, março não é fechado somente com as águas de março, mas também com muitos raios. Porto Real é a líder no fenômeno por metro quadrado, seguida de Quatis, Barra Mansa e Volta Redonda. As cidades são as que têm mais incidência de raios em todo o país, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Em 2023, Porto Real foi atingida por 9.012 raios, enquanto somente nos primeiros meses desse ano, os números já chegaram a nada menos do que 1,6 mil. Detalhe: a probabilidade de ser atingido por um raio no município é três vezes maior que em qualquer outra cidade ou estado, também segundo dados do Inpe. Isso porque a população do município, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados em meados do ano passado, é de 20.373 pessoas, um aumento de 6,45% em relação ao Censo de 2010. No entanto, não há registro de pessoas atingidas por raios nos últimos anos.
A explicação de especialistas do Inpe para o fenômeno, feita ainda em 2017, quando o assunto veio à tona, é a geografia do Médio Paraíba, que fica entre a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira. Ou seja: forma um vale, rodeado por montanhas.
Altas temperaturas
Com previsão de durar até esta quinta-feira, dia 21, a onda de calor que assola o Estado do Rio e as tempestades, normalmente nos fins das tardes, deixa a olhos vistos os raios que atingem a região. No início da noite de terça-feira, dia 19, por exemplo, moradores dos bairros que ficam, principalmente, na área leste de Volta Redonda, vivenciaram o fenômeno.
Uma forte chuva, seguida de fortes rajadas de ventos e muitos raios, atingiu a Cidade do Aço e deixou ruas alagadas, algumas sem condições de passagem. Muitos moradores ficaram ilhados e só conseguiram chegar em casa no final da noite.
No bairro Santa Cruz e Santa Rita do Zarur, a queda de uma árvore impedia a passagem de motoristas. Os outros bairros afetados pelo lamaçal foram Vila Brasília, Vale Verde e Volta Grande. Relatos dão conta de alagamentos ainda no São Luiz e na Voldac. Um verdadeiro caos, segundo os moradores.
Alerta máximo
Volta Redonda mantém alerta máximo com equipes de plantão. Pela manhã desta quarta-feira, dia 20, a prefeitura iniciou a remoção de terra nos bairros atingidos pelo temporal. A Guarda Municipal acompanhou o trabalho e orientou o trânsito no local.
A Defesa Civil informou que somente na terça-feira, dia 19, foram registradas ocorrências. O Rio Paraíba do Sul ficou 1,50 metro acima do nível normal e a Represa do Funil, com 70% da sua capacidade. A ocorrência mais grave foi uma queda de um muro de contenção no bairro Jardim Normândia.
Deslizamento de terra
Já em Barra Mansa, cidade vizinha, o acumulado de chuva ficou em torno de 60 milímetros na região dos distritos de Amparo e Santa Rita de Cássia. Uma casa foi atingidaapor um deslizamento de terra e os moradores, deslojados, foram para a casa de parentes. As vítimas foram incluídas no programa de Aluguel Social, segundo informações da prefeitura.
A prefeitura informou ainda que foram registradas quedas de barreiras em diversos pontos da estrada que dá acesso ao distrito de Nossa Senhora do Amparo. Não houve registro de feridos.
Abastecimento
de água
Nesta quarta-feira, dia 20, o Saae suspendeu temporariamente o abastecimento de água da ETA Colônia por causa "da alta turbidez das águas do Rio Bananal, que impossibilita o tratamento e a distribuição de água para a população".
Em nota enviada à imprensa, o Saae reforçou a importância da população adotar medidas preventivas, pois a retomada do serviço está ocorrendo de forma gradual. Em caso de dúvidas, o telefone para contato é (24) 3512-4333.
