Por:

Pais de autistas lutam por mediadores escolares em VR

Pais relatam falta dos mediadores desde o início do ano letivo e exclusão em atividades | Foto: Roberto Suguino/Agência Senado

Por Ana Luiza Rossi

Mais de um mês desde que iniciou o ano letivo sem acompanhamento específico, casos de exclusão - seja em sala de aula como também nas atividades escolares, e até mesmo omissão da adaptação do aluno portador do transtorno do espectro autista (TEA). Essa é a realidade que muitos pais e responsáveis têm passado com a rede pública de ensino em Volta Redonda.

Para solicitar o mediador escolar, é necessário que os pais comprovem mediante um laudo médico sobre o diagnóstico. Mas, mesmo com todas as comprovações em dia e com o histórico de outra escola, Rafael Marques, pai de Enzo, se deparou com seu filho em sala de aula sozinho e em estado de necessidade.

"Existe um programa de educação diferenciado, mas não a exclusão. Meu filho estava excluído na sala de aula com mais 21 amigos, sentado sem mediadora. Isso não é inclusão", disse o pai. O caso de Enzo ganhou repercussão após Rafael gravar um vídeo revoltado com o caso na Escola Municipal Maria José Campos Costa, onde o filho estuda, no bairro Santo Agostinho.

No entanto, o caso não é isolado. Larissa Borges, também uma mãe atípica - como são identificados os pais com filhos de necessidade especial, resolveu mudar até mesmo de escola. Seu filho estudava no Centro Municipal Integrado de Educação Zilda Arns, no bairro Conforto. A justificativa foi pela falta de monitor e principalmente, pela exclusão nas atividades escolares.

"Meu filho não participou do passeio da escola pois falaram que não tinha quem olhasse. Fiz uma denúncia na Secretaria de Educação, tive outra conversa com a diretora, mas não deu em nada. Preferi trocar de escola para não me aborrecer mais", explicou Larissa.

Em um grupo de WhatsApp dedicado para pais de autistas, o Correio Sul Fluminense teve acesso à vários casos de denúncia com a mesma situação: falta de mediadores e exclusão. No entanto, é assegurado por lei uma educação inclusiva. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de nº 9.394/1996 garante que haja apoio especializado no ambiente escolar em função da peculiaridade do aluno, neste caso, de alunos autistas.

Mas, ao que tudo indica, a falta de monitores em Volta Redonda não é um caso tão simples quanto parece. Uma mulher, que preferiu não se identificar, revelou que a categoria é um dos cargos que mais pede exoneração não somente pelos salários baixos, mas também pela carga horária exaustiva. "Aqui em Volta Redonda o cuidador tem as mesmas funções que o mediador educacional. Sendo que a prefeitura, para não pagar o salário e nem a carga horária destes profissionais, mudou a nomenclatura", disse.

Novas convocações

O Correio Sul Fluminense entrou em contato com a Prefeitura de Volta Redonda para compreender sobre o caso que, em resposta, enviou dois releases enviados à imprensa. Em fevereiro, profissionais de educação já aprovados em concurso público e processos seletivos foram convocados para integrar o quadro da rede municipal, seno 40 auxiliares de educação infantil e um cuidador da área educacional. Já o outro release, publicado na última quinta-feira (08), informou que 12 auxiliares de educação infantil começariam a trabalhar ainda nesta segunda-feira (11).

No entanto, não houve resposta da prefeitura quanto a denúncia de salário baixo e cargas horárias extensivas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.