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Sindicalista diz que sofreu golpe da própria diretoria

Edimar afirma que assembleia era para votar sua permanência ou não no sindicato | Foto: Ana Luiza Rossi/CSF

Sônia Paes

A presidência do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense se transformou em uma verdadeira batalha. Pela manhã, uma reunião entre integrantes da diretoria destituiu do cargo o atual presidente Edimar Miguel e, em seguida, conduziu o vice Odair Mariano à presidência. Edirma diz, no entanto, que continua sendo o presidente e que convocará uma assembleia com os trabalhadores para colocar o assunto em votação.

O racha acabou refletindo nas contas da entidade: o cartão da conta estão bloqueado e para pagamentos em cheque é preciso assinatura do diretor financeiro. Detalhe: o sindicato tem cerca de 35 funcionários, com salários para receber na próxima semana. A folha de pagamento chega a cerca de R$ 100 mil.

A reunião foi registrada em ata e os diretores que "racharam" com Edimar fizeram uma verdadeira dança das cadeiras com os cargos administrativos. Eles afirmam que a decisão é válida e está chancelada pelo estatuto da entidade. Já Edimar afirma ser necessária a realização de uma assembleia. Tanto para tirá-lo da presidência, quanto para remanejar os diretores.

Edimar afirma que irá trabalhar normalmente nesta sexta-feira, dia 01, e que convocará uma assembleia para tratar do assunto. "Continuo presidente", resumiu, no final da tarde de ontem (29), durante uma entrevista na sede do sindicato. Detalhe: minutos antes de Edimar falar, o grupo, batizado de "G5", também conversou com jornalistas e falou sobre as decisões tomadas ao longo do dia. O racha ficou bem claro, cada grupo falou com a imprensa em uma sala.

Golpe

Edimar Miguel classificou como um golpe a atitude do grupo de cinco diretores. Ele afirma que o "G5" está insatisfeito com uma fiscalização financeira iniciada há cerca de dez dias. O outro motivo seria também a demissão do advogado do sindicato Tarcísio Xavier, que foi revista por Edimar.

- O que fizeram foi um verdadeiro absurdo. Cheguei para trabalhar após sair do turno de zero hora na CSN e fui surpreendido por um grupo que anunciou a minha retirada do cargo. Uma atitude totalmente arbitrária, tomada sem ouvir os trabalhadores e em desacordo com tudo o que pregamos - disse Edimar, informando que irá levar a situação para conhecimento do MP (Ministério Público) e para os trabalhadores da base do sindicato.

A crise entre os diretores do sindicato iniciou após a divulgação de que estariam ocorrendo saques nas contas bancárias da entidade. "Foram 142 saques em espécie", diz Edimar. Os saques totalizam cifras superiores a R$ 670 mil e teriam sido feitos diretamente no caixa do banco, segundo informações do boletim do sindicato, distribuído no dia 22 de fevereiro. Os valores variam entre R$ 500,00 e vão até R$ 40 mil.

O sindicalista disse que pediu então esclarecimentos para a diretoria de finanças, por meio de um ofício, com um prazo de dez dias, vencidos nesta semana, mas disse que não obteve resposta.

"O que eu fiz foi pedir esclarecimentos sobre os saques. O sindicato tem que ser transparente e a classe trabalhadora informada do que está acontecendo. Não teve vazamento de informação, como os diretores estão alegando", explicou.

Uma mostra dada de que a diretoria da entidade não estava em consonância ocorreu na semana passada, quando o diretor de saúde Maurício Faustino, o diretor financeiro Alex Clemente e o diretor jurídico Leandro Vaz, fizeram um vídeo, em redes sociais, convocando os metalúrgicos para o início da campanha salarial e da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) da CSN. Sem a participação do presidente do sindicato.

A reunião que destituiu Edimar

A destituição de Edimar ocorreu durante uma reunião realizada nesta quinta-feira, dia 29, às 10 horas, presidida pelo próprio Edimar, com as presenças dos diretores Odair Mariano, Maurício Faustino Netto, José Marcos da Silva, Leandro Robeiro Vaz Neto, Alex Sandro Clemente da Silva, que votaram favoráveis a saída do sindicalista.

A reunião extraordinária fez o remanejamento de cargos, já excluindo Edimar da presidência, e teve presença ainda do diretor Edson Barbosa Dias, que saiu da sala junto com Edimar.

Leandro Vaz, agora diretor de Finanças, afirmou que as acusações relacionadas aos saques são infundadas. Edimar foi acusado por ele de conduta irregular, como a contratação de familiares; estímulo a oposição à taxa negocial; entre outras.

Ele disse ainda que o conflito interno entre o financeiro e o presidente do sindicato não deveria ter sido exposto. Afirmou também que a imagem do ex-tesoureiro, Alex Clemente, foi denegrida com a divulgação de saques das contas do sindicato. Alex foi remanejado do cargo.

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