Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos sofre golpe da diretoria
Edimar Miguel deixa reunião de Conselho Fiscal que estava sendo feita na sala da presidência
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Edimar Miguel, sofreu um golpe da própria diretoria da entidade e foi impedido nesta quinta-feira, dia 29, de assumir o trabalho quando chegou em sua sala, pela manhã. Ele foi destituído da presidência por um grupo que estava insatisfeito, segundo ele, com uma fiscalização financeira iniciada há cerca de dez dias. O outro motivo seria também a demissão do advogado do sindicato Tarcísio Xavier, que foi revista por Edimar.
-O que fizeram foi um verdadeiro absurdo. Cheguei para trabalhar após sair do turno de zero hora na CSN e fui surpreendido por um grupo que anunciou a minha retirada do cargo. Uma atitude totalmente arbitrária, tomada sem ouvir os trabalhadores e em desacordo com tudo o que pregamos - disse Edimar, informando que irá levar a situação para conhecimento do MP (Ministério Público) e para os trabalhadores da base do sindicato.
Edimar dará uma entrevista coletiva, às 17 horas, na sede do sindicato, em Volta Redonda, e falará sobre as medidas que irá tomar com detalhes. A decisão para retirar Edimar da presidência foi tomada por um grupo de cinco diretores da Executiva, que alega improbridade administrativa. O vice-presidente do sindicato Odair Mariano, que está entre os integrantes que "racharam" com Edimar, assumiu a presidência.
Entenda o caso
A crise entre os diretores do sindicato iniciou após a divulgação de que estariam ocorrendo saques nas contas bancárias da entidade. "Foram 142 saques em espécie", diz Edimar. Os saques totalizam cifras superiores a R$ 670 mil e teriam sido feitos diretamente no caixa do banco, segundo informações do boletim do sindicato, distribuído no dia 22 de fevereiro. Os valores variam entre R$ 500,00 e vão até R$ 40 mil. O sindicalista pediu então esclarecimentos para a diretoria de finanças, por meio de um ofício, com um prazo de dez dias, vencidos nesta semana, mas não obteve resposta.
Mesmo após o prazo, Edimar diz que não teve as informações: "O que eu fiz foi pedir esclarecimentos sobre os saques. O sindicato tem que ser transparente e a classe trabalhadora informada do que está acontecendo. Não teve vazamento de informação, como os diretores estão alegando - explicou.
Uma mostra dada de que a diretoria da entidade não estava em consonância ocorreu na semana passada, quando o diretor de saúde Maurício Faustino, o diretor financeiro Alex Clemente e o diretor jurídico Leandro Vaz, fizeram um vídeo, em redes sociais, convocando toda a categoria metalúrgica, em especial os trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), para o início da campanha salarial e da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), sem a participação do presidente do sindicato.
A reunião que destituiu Edimar
A destituição de Edimar ocorreu durante uma reunião realizada nesta quinta-feira, dia 19, às 10 horas, presidida pelo próprio Edimar, com as presenças dos diretores Odair Mariano, Maurício Faustino Netto, José Marcos da Silva, Leandro Robeiro Vaz Neto, Alex Sandro Clemente da Silva, que votaram favoráveis a saída do sindicalista. A reunião extraordinária fez o remanejamento de cargos, já excluindo Edimar da presidência, e teve presença ainda do diretor Edson Barbosa Dias, que saiu da sala junto com Edimar.
O diretor de Finanças, Alex Clemente, afirmou que as acusações relacionadas aos saques eram infundadas e que todos os dados seriam apresentados em uma reunião agendada para o dia 06 de março. Edimar foi acusado de conduta irregular, como contratação de familiares; estímulo a oposição à taxa negocial; entre outras.
