Por: Arthur Ramos

Número de pessoas em situação de rua aumenta em Volta Redonda

Moradores em situação de rua costumam ficar embaixo da biblioteca na Vila Santa Cecília | Foto: CSF

O crescente aumento no número de pessoas em situação de rua em bairros centrais de Volta Redonda, tem deixado a população temerosa. A Praça Sávio Gama (praça da prefeitura) e Praça Independência e Luz II, ambas no bairro Aterrado, e a localidade embaixo da Biblioteca Municipal Raul de Leoni, na Vila Santa Cecília, são alguns pontos com concentração de pessoas em situação de rua. Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social (Smas), o número de pessoas nessa situação chegou a marca de cem indivíduos, o que representa um aumento em relação aos últimos anos.

Equipes do Consultório na Rua, ligado ao setor de Atenção Primária à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), identificaram que mais de 90% dessas pessoas são dependentes químicos, usuários de álcool e tabaco em sua maioria.

Para tentarem se proteger de alguma forma, alguns locais utilizam de métodos para evitar que pessoas se abriguem próximos a seus estabelecimentos. A colocação de grades e pedras pontiagudas, são algumas formas encontradas.

O Serviço Especializado em Abordagem Social, do Departamento de Proteção Especial da Smas, atua em 19 bairros do município onde há incidência de pessoas em situação de rua.

O prefeito Antônio Francisco Neto comentou que Volta Redonda conta com uma rede completa de assistência às pessoas em situação de rua. "Acredito no trabalho conjunto das secretarias municipais para facilitar o acesso aos serviços ofertados, e na ampliação dos projetos de formação para o trabalho como solução para essas pessoas. São esses dois eixos que devemos priorizar", falou Neto.

Falta de segurança

Uma das questões levantadas pelos moradores de Volta Redonda é o receio com furtos, principalmente na praça da prefeitura. O Secretário Municipal de Ordem Pública, Tenente-Coronel Luiz Henrique Barbosa, comentou que está sendo realizada ações permanentes para garantir um abrigo para as pessoas em situação de rua, mas também frisou que a guarda só pode atuar caso realmente ocorra algum caso em flagrante. "Nós buscamos sempre encaminhar essas pessoas para o Centro Pop e dar uma assistência digna para eles, e em caso de ocorrência, o cidadão que sofreu deve registrar um boletim de ocorrência imediatamente para que a polícia tome as medidas necessárias", explicou Luiz Henrique.

A estudante de Administração Pública pela UFF, Ada Moreira, acredita que além do aumento das pessoas em situação de rua, houve também uma mudança de perfil desses cidadãos.

- Quando eu realizava trabalho comunitário em 2017, quase todas essas pessoas eram homens que estavam na rua e se encontravam nessa situação ou por conflito familiar ou por algum tipo de vício, hoje em dia nós vemos muitas mulheres também, algumas com filhos ou até realizando prostituição - comenta Ada.

Ela também comenta como vê as ações da guarda relacionadas a essas pessoas. "Eu vejo alguns casos que ao invés de elas serem direcionadas ao Centro Pop ou ao Centro de Atenção Psicossocial ao usuário de Álcool e Outras Drogas (CAPS AD), em muitos casos elas são mandadas à rodoviária, não resolvendo o problema".

Ada ainda disse que acredita que o Abrigo 'Seu Nadim' possui um trabalho bem feito, a questão é que para a pessoa ser encaminhada para lá é uma burocracia imensa, que pode atrasar bastante a resolução do problema. "Em relação ao medo das pessoas, eu creio que seja um medo ficcional, pois quem está em situação de rua já é tão marginalizado que eles não iriam querer sofrer ainda mais. Normalmente quem comete os furtos não são pessoas que estão em situação de rua", conclui.

Realidade

Nelson Ribeiro, que se encontra em situação de rua, comentou sobre como chegou a essa realidade. "O vício em drogas sempre foi um problema, isso fez eu perder minha casa, me distanciar da minha família e precisar encontrar abrigo nas ruas. Infelizmente a situação é bastante difícil, mas o Abrigo e o Centro Pop oferecem um apoio para nós. Acredito só que não recebemos um tratamento digno da guarda quando vão falar conosco", comentou Nelson.

Serviços

Volta Redonda conta com o Serviço Especializado em Abordagem Social; o Centro Pop, que fica no Aterrado e oferece às pessoas em situação de rua alimentação; higiene pessoal; atendimento técnico para a análise das demandas dos usuários; orientação individual; encaminhamentos a outros serviços socioassistenciais e as demais políticas públicas que possam contribuir na construção da autonomia, da inserção social e da proteção às situações de violência; encaminhamento para retirada de documentos; contato familiar; atendimento psicossocial; grupos com diversas temáticas; além de receberem orientações para construção do Plano de Acompanhamento Individual ou Familiar.

O Albergue Municipal Seu Nadim, no bairro Nossa Senhora das Graças, é um espaço de acolhimento provisório para adultos munícipes em situação de rua, para o qual o Centro Pop é a porta de entrada, a fim de resgatar os vínculos familiares, sociais e comunitários, assegurando a autonomia dos usuários.

A Rede Municipal de Assistência Social conta ainda com o Serviço de Atendimento ao Migrante (SAM). Após o atendimento no Centro Pop, o SAM oferta a concessão de passagem rodoviária aos usuários em trânsito. A unidade fica na Rodoviária Municipal, mas é necessário que todo e qualquer usuário seja atendido anteriormente pelo Centro Pop.

O atendimento à população em situação de rua também é feito através de parcerias dentro da própria prefeitura, como o Consultório na Rua, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que também conta com o Programa de Saúde Mental, para atender as pessoas em situação de rua que são dependentes químicos, usuários de álcool e outras drogas, entre outros. O programa conta ainda com a equipe de Articulação Territorial (Ar-te), que funciona com um psicólogo, um arteterapeuta e uma assistente social, com o objetivo de facilitar o acesso dos usuários à rede.

*Estagiário

 

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