As bicicletas têm se tornado um meio de transporte cada vez mais utilizado entre a população, e isso exige que as cidades se adaptem para garantir mobilidade e segurança aos ciclistas. Enquanto grandes capitais fizeram esforços para incluir o modal em projetos de mobilidade urbana - como São Paulo, que possui quase 700 quilômetros de vias com tratamento cicloviário - o processo ainda é lento em cidades interioranas.
Um exemplo disso é Volta Redonda, que possui poucas vias cicloviárias apesar da quantidade alta de ciclistas na cidade. Jedson Miranda anda de bicicleta diariamente há mais de 20 anos, e ressalta que, de todos os bairros que frequenta, apenas o Aero Clube possui uma ciclofaixa. Ele ainda afirma que a faixa é pouco apropriada para uso, apontando as lombadas presentes na via e a necessidade de uma nova pintura da faixa.
Para o ciclista, a qualidade das ciclovias existentes no município é baixa e fora do padrão nacional. "Pela quantidade de pessoas que circulam de 'bike' na cidade, o que está disponível não é suficiente, e as poucas que têm não oferecem segurança ou sinalização para que motoristas saibam que aquele espaço é destinado a bicicletas", explica.
Andiana Freitas também pedala há cerca de 20 anos, e acredita que as vias não atendem os ciclistas. "O que temos aqui são algumas ciclofaixas mal pintadas, e ciclovias sem manutenção na Beira Rio e na região da Ponte Alta. Toda a estrutura de trânsito é voltada para veículos de quatro rodas, e os motoristas nos tratam como se fôssemos intrusos", aponta.
Andiana acredita que o incentivo do uso de bicicletas não somente ofereceria soluções a problemas de mobilidade urbana do município, como engarrafamentos e falta de vagas, como também seria sensato considerando o atual cenário de mudanças ambientais. A ciclista tem esperança de que mais bicicletas possam ocupar as ruas da cidade e que o poder público tome medidas para facilitar o fluxo do veículo.
Secretaria diz que tem planejamento
A Secretaria de Transporte e Mobilidade Urbana está planejando a implementação de novas vias ciclovias, ciclofaixas e ciclo rotas na cidade, além da manutenção dos traçados já existentes da cidade. O andamento do projeto está sendo apresentado em reuniões da STMU com o Comutran (Conselho Municipal de Mobilidade Urbana), que exige ativamente que a circulação de bicicletas seja priorizada pela secretaria.
André Vaz é um dos membros do Comutran, e está envolvido no cicloativismo desde 2016. Para ele, as ações públicas sobre a circulação de bicicletas precisa ser feita em diálogo com ciclistas, motoristas e demais membros da sociedade. O ativista também espera que a população reconheça a necessidade de ter uma participação mais ativa nas discussões sobre o tema. "É necessário participar, seja em reuniões do Comutran, cobrando associações de moradores, acionando vereadores, denunciando irregularidades ou até mesmo indo ao Ministério Público", exemplifica.
Embora acredite que a STMU está disposta a melhorar a qualidade do modal em Volta Redonda, André ressalta que falta transparência no modo em que os investimentos serão feitos, dizendo ainda que o processo precisa ser conduzido de outra maneira.
"Esse processo precisa de pesquisas, contagem de ciclista, ouvir a população e ter a participação de outros órgãos públicos no andamento de tudo. Nenhuma reunião do atual conselho teve a presença de um representante da guarda municipal e de outras secretarias e autarquias, por exemplo", aponta.