Jari propõe criação de CPI para investigar ações da CSN
Deputado estadual levará pedido para Assembleia Legislativa
Ana Luiza Rossi
Ocupando quase todas as cadeiras da Câmara Municipal de Volta Redonda, a narrativa da poluição atmosférica provocada pela CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) ganha um novo rumo após a Audiência Pública realizada nesta sexta-feira (29). Em mais de três horas de reunião, a deliberação final foi propor uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para cobrança de novas ações para cumprimento dos TACs (Termo de Ajuste de Conduta) assinados pela empresa em 2010, 2016 e 2018.
A audiência, que estava marcada para as 19h, teve início após 40 minutos com a fala do deputado estadual e presidente da Comissão de Saneamento Ambiental da Alerj-RJ (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), Jari Oliveira. Entre os convocados para compor a Mesa, estavam o deputado estadual Jorge Felippe Neto, o vereador Raone Ferreira, a vice-presidente do Inea (Instituto Estadual do Ambiente) Denise Delfino, e o representante da CSN, Aldo José Santana, gerente de Meio Ambiente.
Após as informações gerais acerca do tema, Aldo iniciou uma apresentação para prestar esclarecimentos sobre a emissão do pó e investimentos internos que a siderúrgica vem fazendo para o cumprimento do TAC, mas foi interrompido após vaias e indignação dos moradores e só retomou após o deputado Jari, que já tinha chegado, pedir à população para que o representante pudesse continuar a fala.
Entre as ações citadas, está um projeto na área de sinterização para diminuir a quantidade de materiais particulados, aplicação de polímeros nas pilhas de matéria-prima e canhões de névoa que somam mais de R$ 747 milhões em investimentos.
Em questionamento, Jari pede para que a representante do Inea debata sobre a qualidade do ar em Volta Redonda. Deise confirma que para os índices e padrões estabelecidos, a qualidade do ar em Volta Redonda pode ser considerada de moderado a boa. Urias de Moura, do Instituto Internacional Arayara, discordou e disse que o atual decreto que institui o Programa Estadual de Monitoramento de Partículas Sedimentáveis não segue os padrões de controle exigidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Próximos passos
Na deliberação, Jari propôs reunir-se com o presidente da Alerj, Rodrigo Barcellar, para abrir uma CPI da poluição emitida e criminalizar civilmente a diretoria da CSN. O deputado ainda ressaltou a posição do presidente, na cobrança do Inea sobre os adiamentos da siderúrgica para cumprimento dos TACs.
A representante do Inea concordou com os pontos e disse que assumirá a responsabilidade de converter o valor das multas pagas pela empresa para realização de projetos sustentáveis e de lazer na cidade.
Também participaram da reunião os vereadores Jorginho Fuede, Rodrigo Furtado; a presidente da OAB-VR (Ordem dos Advogados do Brasil) Carolina Patitucci; o conselheiro do MEP (Movimento Ética na Política) Luiz Gustavo Cavalcanti; o representante do Sindmetal (Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense) Maurício Faustino e outros representantes da sociedade.
*Estagiária
