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Mineração da CSN é discutida em Minas Gerais

Para Daniel, a narrativa de que minerar faz parte da vocação do mineiro é mentirosa | Foto: Elizabeth GuimarãesALMG

Assim como ocorre em Volta Redonda, a multinacional CSN também deixa à deriva os moradores da histórica cidade mineira de Congonhas, onde a empresa pretende aumentar a produção de minério de ferro. A CSN Mineração, um braço da multinacional, anunciou um mega investimento da ordem de R$ 13,8 bilhões no complexo de Casa de Pedra, em Congonhas. Ao fim do projeto, a empresa quer alçar a quinta posição no ranking de produção de minério de ferro no mundo e assumir a liderança em teor de ferro com um portfólio de produtos premium.

O anúncio do investimento deixou moradores e autoridades preocupadas. Na segunda-feira, dia 25, representantes de entidades civis e do poder público de Congonhas foram a uma audiência na Assembleia Legislativa de Minas Gerais falar sobre a proposta de expansão da lavra de minério de ferro. Ficaram, mais uma vez, na obscuridão. A CSN não enviou representantes à audiência.

Enviou apenas um comunicado, no qual dizia que a mineradora estaria sujeita a normas e regulamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e por isso projetos e investimentos que estaria fazendo na área não poderiam ser divulgados, sob pena de descumprimento das regras de mercado.

O deputado Leleco Pimentel, autor do pedido de audiência, questionou o porquê da CSN não ter mandado representantes se sequer há um processo oficial para licenciamento da expansão. "Isso é um desrespeito da CSN, não só com o povo de Congonhas, mas também com a ALMG e com a Câmara dos Deputados".

Representando o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Lucas Henrique Nicolau Paiva afirmou que cerca de 40% da cidade hoje já pertence à CSN e pediu estudos independentes sobre as barragens e informações sobre a expansão.

"Eles se negam a dialogar conosco. Estamos falando da possibilidade de 70 metros de lama no centro, mais de 15 mil pessoas em risco de morte. Em Santa Quitéria, o processo é de coação das pessoas para a venda dos imóveis. Eles negam informação e vida digna para o povo. Queremos preservar a vida de todos, dos que moram no centro, à margem, nos quilombos, cada vida para nós tem valor", disse.

Congonhas possui nada menos do que 24 barragens de rejeitos de mineração no seu entorno, 17 ativas e sete descomissionadas. Dentre elas, está a maior barragem de rejeitos de mineração do mundo: a de Casa de Pedra.

Cidade do Aço
e poluição

Em Volta Redonda, sede da Usina Presidente Vargas, marco da industrialização no país, a população sofre com a poluição atmosférica, que vem piorando nos últimos anos devido à falta de manutenção nos equipamentos.

Manifestos e pedidos de ajuda dos moradores vêm sendo feitos nos últimos anos. Essa semana, na sexta-feira, dia 29, a Câmara Municipal irá sediar audiência pública sobre a poluição em Volta Redonda. O evento será realizado em conjunto pelas comissões de Defesa do Meio Ambiente e Saneamento Ambiental da Alerj.

"Reforço que a participação da população é fundamental para que a audiência pública tenha sucesso. Queremos, junto com o órgão fiscalizador, que é o INEA (Instituto Estadual do Ambiente), o Ministério Público Estadual, representantes da empresa e outros, discutir e encontrar soluções para minimizar a emissão do 'pó preto' pela CSN, que além de poluir o ar causa danos à saúde dos moradores. Participe desse importante debate, ajude a construir um futuro sem poluição", disse Jari de Oliveira, que presidirá a audiência.