O ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), general Marcos Antonio Amaro dos Santos, afirmou ter tomado conhecimento do desaparecimento de duas ampolas, com oito gramas de urânio enriquecido, das instalações da INB (Indústrias Nucleares do Brasil), em Resende, na noite de anteontem, por meio da imprensa. A declaração foi dada durante entrevista coletiva que o general concedeu na sede da Defesa Civil de Angra dos Reis, nesta quinta-feira, dia 17, quando foi realizado no município um simulado de acidente nuclear.
O ministro confirmou, no entanto, que o GSI foi informado pela INB sobre o sumiço das ampolas, mas que a investigação não é mais da alçada do Gabinete, já que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) foi transferida para a Casa Civil, em março. "Não tenho informação sobre o caso, pois o GSI não é mais responsável pela investigação, desde que a Abin passou para a Casa Civil", disse o ministro.
- O nosso papel único nessa área é coordenar o sistema de proteção ao programa nuclear brasileiro especialmente em casos de emergência. O desaparecimento dessas ampolas não constitui uma emergência. Nós fomos informados porque resolveram informar ao GSI, não deveriam, nem teriam a obrigação de informar. Não é nosso papel, resolver este problema. Informaram também à Polícia Federal para que eles façam a investigação - disse o ministro.
A notícia com a informação sobre o sumiço das ampolas de urânio que seriam usadas na produção de elementos combustíveis para a usina Angra 2 foi divulgada na edição do Correio da Manhã, desta quinta-feira, dia 17, na Coluna Magnavita. As ampolas desapareceram em julho e somente agora houve a divulgação do caso.
Nota
Quase no mesmo horário em que o general falava sobre o caso da INB, em Angra, a Comissão de Energia Nuclear (CNEN) divulgou uma nota confirmando o detalhando o fato: "Durante o mês de julho, a INB realizou a transferência interna de ampolas do tipo P10 entre áreas de armazenamento na Fábrica em Resende. Estas ampolas são pequenos tubos contendo amostras dos cilindros com o material de hexafluoreto de urânio (UF6) utilizado na fabricação dos combustíveis das Usinas Nucleares de Angra 1 e Angra 2. São amostras testemunho para a comprovação do material contido nos respectivos cilindros", diz a nota.
A CNEN ressaltou que as ampolas são do lote testemunho da 15º Recarga de Angra II, com 8g de urânio enriquecido a 4,25% em cada ampola. "A natureza e quantidade de material presente nas ampolas permitem afirmar que a liberação do conteúdo não acarreta danos radiológicos à saúde de um indivíduo", explica a nota.