População de porcos-selvagens reaparece na Região Serrana
Espécie foi registrada na Reserva Biológica Estadual de Araras
Por Leandra Lima
A Reserva Biológica Estadual de Araras, localizada na Região Serrana do Rio, gerida pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), vem capturando imagens de uma figura inesperada, a presença do mamífero da família Tayassuidae conhecido popularmente como porco selvagem, queixada ou como Tayassu pecari, cientificamente nomeado. O feito é considerado um importante marco, já que faziam décadas sem qualquer registro da espécie.
As imagens do animal foram registradas em 2021, por meio de armadilhas fotográficas, o que demonstrou a interação do animal com o ambiente durante três anos, ou seja, até junho de 2025. O levantamento foi publicado na página 31 da Revista Científica "Suiform Soundings".
O registro e as análises sobre a espécie fazem parte de um programa de monitoramento de mamíferos implantado pela pesquisadora e guarda-parque do Inea, Vanessa Cabral Barbosa. O projeto inclui a coleta sistemática de dados sobre biodiversidade, por meio de armadilhas fotográficas, análise de vestígios, registro de abundância e distribuição das espécies, entre outras. Atualmente, o projeto é conduzido em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo a pesquisadora, o reaparecimento do porco-selvagem na região é um triunfo para as áreas de conservação, pois indicam a possibilidade de preservar espécies que estão à beira da extinção. "O reaparecimento do queixada no Rio de Janeiro demonstra que a conservação baseada em ciência, aliada ao monitoramento sistemático e à cooperação entre pesquisadores, gestores e comunidades, é capaz de reverter cenários de extinção da fauna.", disse.
Conforme dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), o queixada tem uma ampla distribuição no território nacional, porém necessita de grandes áreas protegidas para manutenção de subpopulações. Estima-se que em cerca de 18 anos, o país perdeu 16,2% de vegetação nativa, levando a perda populacional do animal de 21% no país.