Por: Gabriel Rattes

Especialista alerta para golpes digitais

Foram registrados 18.065 casos de janeiro a fevereiro de 2024, um amento significativo | Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), os números de estelionato no Estado aumentaram 18,4% nos dois primeiros meses do ano, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Foram registrados 15.250 casos de janeiro a fevereiro de 2023, já em 2024 esse número aumentou para 18.065 casos. Quando se traz os dados para a cidade de Petrópolis, os números são ainda mais surpreendentes. No mesmo período, houve um aumento de 470 para 649 casos (38%).

Essas estatísticas de estelionato incluem casos que têm se tornado cada dia mais comuns e mais difíceis de se identificar o autor, como por exemplo quando alguém clona a conta do whatsapp de terceiros e, se passando pelo proprietário do número, pede transferências bancárias aos contatos. Mas há golpes ainda mais complexos, como os que acontecem em agências bancárias, quando, por meio digital, criminosos se passam pelos titulares de contas bancárias para sacar valores e fazer empréstimos.

A partir disso, a equipe do Correio conversou com Júlio Duram, chefe de tecnologia da Certisign, uma empresa especializada em certificação digital para explicar como acontecem os golpes bancários mais comuns e a como a população pode tentar evitar cair em uma dessas armadilhas digitais.

Júlio Duram explica que no mundo digital, dependendo de como o sistema de cada banco é construído, existem muitas maneiras de prevenção. "No entanto é muito mais fácil tentar explorar e fazer essas fraudes. Isso porque também tem uma diferença do mundo físico. Nas agências físicas você tem que passar pelo segurança do banco, gerente e outros funcionários, ou seja, está mais sujeito a ser identificado e pego. Já no meio digital você não sabe quem é a pessoa que está tentando acesso".

O especialista ainda explica que no meio digital o fraudador pode tentar cometer o crime em diversas tentativas em um curto espaço de tempo, o que não poderia ser feito fisicamente. "Estão sendo criadas alternativas para prevenir esse tipo de crime, como por exemplo, a detecção facial. Até o momento é a maneira mais segura a se fazer a partir de um aparelho móvel".

A detecção facial está presente em muitos aplicativos bancários, e serve para provar que a pessoa está viva. Em algumas transações bancárias é necessário que o cliente utilize a câmera do aparelho para fotografar o rosto em diferentes posições. A partir de dados coletados no momento do cadastro, assim como, de documentações da pessoa, o aplicativo pode provar se é realmente o titular da conta que está tentando realizar a transação.

"Com análises muito sutis da sua face, movimento do seu olho, de quando você afasta a câmera como os objetos atrás se comportam, textura da sua pele e assim por diante, é o que consegue detectar se você é uma pessoa real. Porque uma outra maneira de fraudar e que é uma maneira muito explorada, é utilizar uma foto de uma foto", enfatizou Duram.

"Quando utilizam esses sistemas tridimensionais é muito mais difícil fraudar. Por isso que para transações altas ou contratos importantes que devem ser assinados, as instituições estão começando a usar cada vez mais esse tipo de tecnologia", completou.