Dados do Sistema de Informações e Indicadores Sociais (SIIC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que em 2021 havia desigualdade no acesso aos equipamentos culturais quando analisada a população por sexo, cor ou raça, grupo de idade e nível de instrução. Cerca de 31,4% da população do país vivia em municípios sem museus. Dentro dessa proporção crianças e adolescentes sofreram maior privação potencial desses equipamentos, a pesquisa aponta que 34% deles tiveram menor acesso a museus e casas culturais. Para o analista da pesquisa, Leonardo Athias, esse recorte é preocupante, pois ter contato com espaços culturais durante a infância ajuda a desenvolver interesse nas demais fases da vida.
O acesso das crianças e jovens à cultura auxilia na formação educacional e ajuda a criar a visão de mundo dos mesmos, fazendo com que conheçam novos horizontes. Estimular a convivência com a arte e fornecer o acesso necessário alcança a maior parte desses jovens que enxergam no setor um modo de mudança de realidade criando novas perspectivas.
Segundo a psicopedagoga Michele Lopes, é importante ter inserido no currículo educacional esses objetos, pois eles contribuem para o desenvolvimento humano sendo indispensável nas diferentes fases acadêmicas do indivíduo. "Isso é um atrativo para os alunos já que pode ensinar diversas matérias através do teatro, música, com uma ida nos museus entre outras atividades culturais que fazem esse papel", disse.
Michele fala que utilizando a cultura como ferramenta da educação é possível ativar diferentes áreas como a parte sensorial, cognitiva, o raciocínio lógico e o pensamento crítico dos estudantes possibilitando a convivência em sociedade, pois ela age como um agente transformador contribuindo para a formação de um adulto consciente das diversidades existentes no meio social.
Em um levantamento feito pela equipe do Correio em três comunidades do 5º distrito de Petrópolis, 8 de 10 crianças não têm acesso a equipamentos culturais do município, mesmo estando inseridos em unidades escolares municipais. O único contato que eles têm com a arte vem de ações feitas por grupos artísticos da própria comunidade ou de fora que costumam fomentar o setor no local. As atividades normalmente geram ao entorno de roda de rapper, leitura e poesia, pequenas apresentações teatrais, e eventos produzidos em épocas especiais para as crianças, como natal, carnaval, páscoa entre outros.
A reportagem questionou a Prefeitura de Petrópolis, mas até o fechamento desta edição não houve resposta.
