Por: Leandra Lima*

Ator petropolitano leva Ancestralidade Nipônica para o Palco

A peça vai estrear no dia 1º de setembro no Sesc Ipiranga, em São Paulo | Foto: Nadja Kouchi

A peça teatral "Okama" de Gabriel Saito surgiu a partir dos estudos relacionados a sua ancestralidade nipônica que o levou a entender sua identidade de "homem gay, mestiço amarelo" no espaço social. Em meio às pesquisas, um dos símbolos chaves para criação do artista, foi o teatro kabuki que, no Japão, durante o período medieval, os atores do teatro se relacionavam sexualmente com os samurais. Os homens gays, donos das cenas no Kabuki, eram treinados por mulheres, e isso levou Saito a criar uma relação dramaturga com as mulheres de sua família especificamente sua avó.

Okama, que significa "bicha", é um termo japonês usado de forma pejorativa para se descrever os homens gays, principalmente os afeminados e as drags queens. Por mais que essa palavra seja usada com essa conotação, o ator, performer e dramaturgo petropolitano, usou esse gancho para começar as pesquisas acerca de sua ancestralidade. Saito conta que, no processo de pesquisa, começou a estudar a dramaturgia nipônica, e percebeu que seu o convívio em família gerava símbolos marcantes que estão refletidos no seu trabalho autoral.

Para Gabriel, a peça, que vai estrear no dia 1º de setembro no Sesc Ipiranga em São Paulo, é uma grande homenagem às mulheres de sua vida e ao corpo bicha amarelo que não é muito falado e retratado em cena. Isso ocasionou no nome Okama, que ele espera ressignificá-lo, trazendo à tona a memória ancestral, e a reflexão de que é preciso falar de si, da história, mostrando o quão importante é reconhecer os traços ancestrais nos corpos atuais. Para ele, este trabalho celebra a vida, com todos seus percalços e trajetórias. "A vida é difícil, dura, amarga, mas também tem suas doçuras, e é isso que quero passar para as pessoas, quero trocar afetos e partilhar meus sentimentos", disse Gabriel Saito.

A peça teatral é dirigida por uma mulher Nipo brasileira, a atriz e diretora Miwa Yanagizawa, com texto e atuação de Gabriel Saito, coreografias Kabuki por Fujima Yoshikoto, assistente de coreografias Kabuki por Satie Hideshima, desenho de luz, de Sueli Matsuzaki, cenografia de Maurício Bispo, figurino de Teresa Abreu, trilha sonora de Yugo Sano Mani, videoarte de Gibran Sirena, fotografia por Nadja Kouchi, projeto gráfico de Pedro Leobons, supervisão de dramaturgia de Fabiano Dadado de Freitas, preparação vocal por Camilla Flores, idealizador do projeto Gabriel Saito.

*Estagiária