Feirão Limpa Nome: 950 pessoas negociam suas dívidas em dois dias

Por Gabriel Rattes*

Feirão Limpa Nome acontece no Petropolitano

O Feirão Limpa Nome, organizado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJRJ) e pelo Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania, recebeu 950 pessoas nos dois primeiros dias de evento. A programação acontece até o dia de hoje (26), no Clube Petropolitano, localizado na Avenida Roberto Silveira, Centro. O atendimento deve ser agendado previamente pelo site www.denomelimpo.com.br, ou também de forma presencial no local do evento.

O petroleiro Carlos André de Carvalho, de 50 anos, negociou duas dívidas com bancos que, somadas, totalizaram R$ 22 mil, pagando à vista R$ 160,00, um desconto de mais de 98%. O petroleiro que reside em Petrópolis, mas trabalha embarcado em Campos, contraiu as dívidas durante a pandemia e assim que soube do evento se agendou no site e foi negociar para voltar a ter crédito. "Foram dívidas acumuladas na época da pandemia e estava difícil conseguir quitar. Agendei o horário e o atendimento foi rápido, tranquilo e saio daqui hoje aliviado e com crédito recuperado", afirma o petroleiro.

Segundo a organização do evento, a média de descontos para quem procurou o Feirão é de 65% de abatimento das dívidas. "Mas, esse percentual pode ser maior, de acordo com as negociações que são feitas na hora do atendimento e que podem chegar a 90%", disse.

O público que procura o atendimento também recebe orientação judicial em determinados casos. Como o do morador do Morin, Leonardo Gonçalves Penha, de 48 anos, que levou um susto ao receber uma cobrança de R$ 11 mil da Enel de taxa de luz por um imóvel que está fechado há quase três anos. "Um atendimento bom, que me direcionou para a Defensoria Pública também para que eu não seja lesado em uma cobrança indevida", classifica o consumidor.

O juiz Carlos Andre Spielmann, que dirige o evento em Petrópolis, explica que a experiência bem sucedida que iniciou em Três Rios vai ser exportada para todo o Estado. "Fizemos em Angra, agora em Petrópolis e, na sequência, Campos e Vassouras. Um projeto que foi abraçado pelo presidente do Tribunal, desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, que quer que ele tenha caráter permanente e itinerante. É um projeto de cidadania, que visa permitir que as pessoas consigam negociar em melhores condições para voltarem a ter crédito", afirma o titular da 3ª Vara Cível e coordenador do Cejusc de Petrópolis.

Média de dívidas
do petropolitano é
de R$ 4,5 mil

Segundo dados do SPC e Serasa, cerca de 127 mil CPFs estão negativados no município. E de acordo com um levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Petrópolis (CDL Petrópolis) as dívidas acumuladas podem atingir a expressiva marca de R$ 570 milhões, afetando 40% da população com algum nível de inadimplência.

Ainda de acordo com o levantamento, a média de endividamento dos consumidores na cidade é de R$ 4,5 mil, porém 35% dos devedores têm inadimplências bem menores, em torno de R$ 500. "A maioria das dívidas foi contraída com financeiras e bancos que são credores de 58,94% desses valores, seguidos por 21,28% de dívidas com concessionárias de serviços públicos e telefonia, 10% no comércio e 4,21% com prestadores de serviços. De acordo com os serviços de proteção ao crédito, a maioria das dívidas tem entre um e três anos", disse a CDL.

*Estagiário