Por: Wellington Daniel

PSD vai discutir denúncia de Gilda Beatriz contra vereador júnior Coruja

Na entrada da Câmara, o recado contra a discriminação de gênero | Foto: Wellington Daniel

O PSD Petrópolis vai avaliar a denúncia da vereadora Gilda Beatriz (PSD) em relação a discriminação que afirmou que sofreu por parte do presidente da Câmara Municipal, vereador Júnior Coruja (PSD). A informação foi repassada pela presidente municipal da sigla, Rosângela Stumpf, e pelo deputado federal licenciado, Hugo Leal, vice-presidente do partido no Estado na cerimônia de posse da nova Executiva municipal na última sexta (06).

O recado da defesa das mulheres na política foi dado logo na entrada do evento, com uma faixa afixada na entrada da Câmara Municipal. A presidente municipal disse que vai se dar por impedida, por também estar envolvida na história. "Vou levar o caso que aconteceu aqui na Câmara para dentro do partido, para discutirem. O episódio começou comigo e está terminando com a Gilda", afirmou ao Correio.

Na presidência da solenidade, Rosângela afirmou que, em mais de 20 anos na política, nunca sofreu o que passou nesta situação atual. "Eu estou onde estou porque corri atrás. E eu quero respeito", disse, sendo aplaudida.

Também em entrevista ao Correio Petropolitano, o deputado Hugo Leal afirmou que conversou com Gilda e Coruja e encaminhou o assunto para a direção regional. Disse que não vai interferir no processo parlamentar, por respeitar o parlamento municipal, mas buscará a solução dentro do partido.

"O que não pode acontecer, e infelizmente aconteceu, é uma discriminação à vereadora. Ela tomou uma posição, que foi pessoal, que dialogou com os parceiros e apoiadores. Entendi, compreendi, e agora cabe a nós tentar dentro do universo partidário ver a melhor solução e dar as melhores condições para apoiarmos nossa vereadora e ela voltar a ter seu espaço político", disse.

Apoio

Na solenidade, Gilda também recebeu o apoio do vereador Mauro Peralta (PRTB). O parlamentar disse que um dos motivos para estar no evento era para prestar apoio à vereadora. "Esperamos que providências sejam tomadas. E tenho certeza que a nossa presidente do PSD as fará", disse. "Vereadora Gilda, conte comigo no que a senhora precisar."

A vereadora de Três Rios, Ana Clara Araújo (Rede), também gravou um vídeo em solidariedade à Gilda. Em sua cidade, Ana Clara também ocupa o cargo de primeira secretária na mesa diretora. "A política realmente é um espaço desafiador para nós, mulheres, mas não podemos admitir nenhum tipo de retrocesso. Espero que a Câmara Municipal de Petrópolis analise tudo o que foi dito por ela e possa tomar as devidas providências", disse.

Na Casa Legislativa de Petrópolis, das 15 cadeiras, apenas duas são ocupadas por mulheres. No entanto, a companheira de Gilda nesta empreitada pouco se manifestou. No dia em que a vereadora do PSD leu a carta de renúncia ao cargo da mesa diretora, Júlia Casamasso (PSOL) prestou solidariedade, disse que vê dificuldade da mulher na política a partir da situação, lembrou do machismo estrutural e pediu apuração dos fatos.

O Correio Petropolitano pediu um posicionamento da vereadora logo no dia seguinte, via assessoria, mas não obteve resposta. Júlia, que é da Coletiva Feminista Popular e presidente da Comissão dos Direitos da Mulher, também não publicou nada sobre o assunto em suas redes sociais.

Na sexta-feira (06), a assessoria de Júlia informou, às 16h37, que ela não conseguiu enviar o posicionamento pedido, pois teve uma urgência com a filha. Nesse meio tempo, no entanto, Casamasso gravou e postou nas redes sociais um vídeo em apoio a assessora do prefeito Rubens Bomtempo (PSB), Karol Cerqueira, após falas do vereador Octávio Sampaio (União), que aconteceram no mesmo dia em que Gilda leu sua carta de renúncia.

Coruja em silêncio

O vereador Júnior Coruja também não se manifestou sobre o assunto. O Correio Petropolitano tentou contato com o presidente da Câmara pela assessoria da Casa e pelo seu número pessoal. Até o fechamento desta edição, o parlamentar não encaminhou resposta.