Por: Luana Motta

Coluna Petropolitanas: Feminismo seletivo

Vereadoras Gilda Beatriz e Julia Casamasso | Foto: Divulgação

 

Feminismo seletivo

Na última semana, a denúncia da vereadora Gilda Beatriz (PSD) sobre a violência de gênero que sofreu enquanto esteve como primeira secretária da mesa diretora da Câmara Municipal de Petrópolis, não recebeu qualquer tipo apoio ou posicionamento por parte da Comissão de Direitos da Mulher, presidida também por uma mulher, a vereadora Júlia Casamasso (Psol). O Correio Petropolitano insistiu com a equipe da vereadora que se pronunciasse, pela função que exerce como presidente. E depois de muita insistência, a resposta foi que por um problema familiar a vereadora não teve tempo de escrever uma nota ou gravar um vídeo se posicionando.

O presidente da Câmara, vereador Júnior Coruja (PSD), a quem a denúncia de Gilda é direcionada, também não se manifestou, nem para se defender, como presidente da casa ou como colega de partido.

Para além de todas as intenções políticas ou não, que levaram Gilda à renunciar ao cargo, sabemos que se ela fosse um homem, não seria dessa forma.

O que ficou claro para nós mulheres e ao público de eleitores em geral, é que a Câmara hoje, em sua estrutura interna, não tem qualquer amparo às vítimas de violência de gênero, seja para parlamentares ou servidoras que atuam na Casa. A Comissão de Direitos da Mulher, que deveria e poderia atuar em prol, não se posicionou nem mesmo para abrir um procedimento para apurar a denúncia. É grave. Nunca na história da Casa houve uma denúncia como essa oficialmente, e nem mesmo uma renúncia à função. Gilda foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na mesa diretora, ao longo dos quase 165 anos da Câmara.