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Ônibus circulam sem respeitar plano de contingência das chuvas

Coletivos deveriam ter faixa indicando limite para evacuação | Foto: Thiago Alvarez

Por Wellington Daniel

O transporte público de Petrópolis ainda não respeita o plano de contingência das chuvas, a menos de dois meses do verão e já com registros de temporais e previsão de chuvas fortes nos próximos dias. Nesta terça-feira (24), a reportagem flagrou até mesmo coletivos da viação Petro Ita, que passam pela Rua Coronel Veiga, sem a demarcação do limite do volume de água, que faria com que os coletivos fossem evacuados. É mais um exemplo da falta de fiscalização efetiva da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans), que acumula escândalos.

As medidas foram definidas em conjunto com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), após dois ônibus da Petro Ita serem arrastados para dentro do Rio Quitandinha, na Coronel Veiga, nas chuvas de fevereiro de 2022. Um vídeo rodou as redes sociais mostrando o desespero das vítimas em sair do veículo. Alguns chegaram a ser arrastados pela água e morreram.

Nesta segunda-feira (23), a Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) disse que oficiou as empresas a reforçarem a aplicação dos protocolos de segurança em casos de inundação. Os ofícios foram encaminhados para as viações Cascatinha, Petro Ita, Cidade das Hortênsias, Cidade Real e Turp.

Fiscalização ineficiente

A falta do cumprimento do Plano de Contingência, que entrou em vigor no último verão, aponta para a ineficácia da fiscalização por parte da CPTrans em relação ao transporte público. Nas ruas, a população continua enfrentando atrasos e quebras dos coletivos.

"Teria que ter uma fiscalização melhor. Sempre enfrento quebras e atraso", disse a comerciária Cilene Alonso, de 52 anos.

"Acredito que não está sendo tão eficaz como era pra ser. Enfrento bastante quebras e atrasos, principalmente a noite, que tem poucos ônibus para a gente voltar do trabalho", disse o cozinheiro Valney de Oliveira, de 51 anos.

Escândalos

Enquanto falha na investigação, a CPTrans enfrenta escândalos. A Polícia Civil investiga a denúncia de um "funcionário fantasma" na companhia, após um requerimento do Ministério Público do Rio de Janeiro. A informação foi dada em primeira mão pelo grupo Correio da Manhã.

Ontem (24), após a veiculação da informação em diversos veículos de imprensa e o início da investigação, a reportagem esteve na CPTrans. Foi apresentado a equipe um funcionário como sendo o investigado. Porém, a assessoria de imprensa da companhia não deixou que fosse realizada uma entrevista.

Em nota, a companhia negou a existência de funcionário fantasma na companhia. A CPTrans disse que os esclarecimentos serão prestados à justiça quando for formalmente notificada. Em relação à fiscalização, disse que cobra das empresas que mantenham os veículos em condições de atender com segurança os usuários do transporte público.

"A CPTrans fiscaliza as garagens das empresas periodicamente e quando problemas são encontrados, as empresas são notificadas a solucionar as irregularidades. Caso eles não sejam solucionados, multas são aplicadas conforme os protocolos vigentes", informou a nota.

O Setranspetro não respondeu aos contatos da reportagem.