O grafite com a foto de Marielle Franco feito no Centro de Informações ao Turista, na Praça da Liberdade, em Petrópolis, foi vandalizado, com uma pichação com a palavra “piranha” sobre a imagem. A pintura de Marielle fica junto com a de Abdias do Nascimento outra personalidade que tinha uma luta política e também ao lado de outros influentes negros, símbolos de resistência e luta como Zumbi dos Palmares, Dandara, Tereza de Benguela entre outros. As artes foram feitas para a festa da Consciência Negra de Petrópolis de 2022 a “UBUNTU”.
O artista que produziu o grafite, Airá Ocrespo, expressou, na época, que estava extremamente satisfeito por pintar Marielle Franco na praça, principalmente porque próximo dali, fica o lugar onde em 2018 a placa de Marielle foi quebrada por parlamentares. Quando soube do ocorrido, o artista declarou que o ato de vandalismo é uma covardia, e falou que pretende retocar a obra assim que possível.
Além de Airá, representantes de movimentos unificados se manifestaram repudiando a ação. A artista Maria Marrom, filiada ao Movimento Negro Unificado (MNU) declarou “é completamente inadmissível o que presenciamos hoje, uns dos poucos pontos que temos de referências do nosso povo preto foi violado, os artistas que fizeram os grafites deixaram bem claro que aquele ponto seria para nós, para termos aonde olhar e nos identificar.”
A União da Juventude Socialista (UJS) repudiou, em nota, o ato: “Manifestamos nosso repúdio diante do ato de vandalismo que ocorreu no centro de nossa cidade. Este ato não apenas denota uma completa falta de respeito pelo legado, mas também reflete uma triste falta de consideração pela nossa comunidade e pelo espaço público que todos compartilhamos. Independente das discordâncias políticas que possam existir, é fundamental lembrar que a diversidade de opiniões é um dos pilares de uma sociedade democrática e plural. A pichação do rosto de Marielle Franco não é apenas uma agressão visual, mas também um ataque aos valores que alicerçam nossa convivência democrática.”
É importante ressaltar que o código penal dita que atos de vandalismo são considerados crimes, nos quais podem resultar em detenção de 6 meses ou em multa de até 6 salários mínimos.
As pinturas feitas na Praça da Liberdade são uma forma de manter viva a luta e a resistência de um povo, já que Petrópolis sofre com o apagamento histórico que esconde todas as marcas e contribuição do povo preto. A cidade possui monumentos, ruas e quilombos que foram erguidos por escravos, mas historicamente embranquecidos negligenciando suas origens. Por isso é importante resgatar as memórias e mostrar a potência artística, intelectual e histórica Negra em solo petropolitano, sendo necessário repensar espaços dentro da Cidade Imperial resguardando feitos desse povo.
*Estagiária