Devemos ao brilhante Millor Fernandes uma máxima que diz : " desconfio de todo idealista que lucra com seu ideal". A frase foi criada quando ele foi inquirido sobre sua opinião acerca de Chico Buarque.
Convenhamos que a frase serve para a vida, mas tem endereço certo na política.
Quando vejo empresários e empreendedores que naufragaram nos seus negócios, mas se deram bem na política, sempre lembro das palavras de Millor.
Isto sem falar daqueles que nunca trabalharam ou sempre tiveram subempregos e/ou ainda, empregos sem relevância mas a candidatura foi vitoriosa nas urnas, os elevando de patamar, tornando-os representantes do povo que os escolheu.
A falta de preparo intelectual para exercer um cargo eletivo é irrelevante. Pouco importa a escolaridade, o discurso e até mesmo a vida progressa.
O que deveria ser uma doação de si à sociedade, passa a ser um meio apenas para um enriquecimento rápido.
Jovens políticos que em poucos anos conseguem amealhar um patrimônio digno de quem muito trabalhou a vida toda e fez muitas poupanças e investimentos, estes jovens são infelizmente a tônica reinante.
Política passou a ser carreira. Renovações são sempre em parcos percentuais, reeleições que são um câncer dentro do sistema, é assunto corrente e trabalhado durante todo o mandato.
Enquanto não tivermos uma reforma política, que vede a reeleição ( para qualquer cargo eletivo), a política e o interesse da população estarão sempre comprometidos com todas as velhas e usuais práticas.
E os aproveitadores do espaço politico, pouco se importarão se estão lucrando com o ideal vendido em promessas de campanha.
Mas existem também oportunistas de plantão, que se grudam a um político e dele vivem em simbiose, oportunizando benesses dos cargos.
Num município onde 5% da população é de funcionários, comissionados e/ou terceirizados, prestadores de serviços à prefeitura, numa Cidade onde a prefeitura é a maior empregadora, ( 20%, no mínimo, dos habitantes dependem direta ou indiretamente do governo municipal ) as soluções ficam distantes do que seria necessário.
O que se promete não se cumpre, vida que segue, e idealismo é mero discurso político.
*Advogado, Professor Universitário e Jornalista