Fim de ano: época de celebrar conquistas, fazer planos para o futuro e se desesperar com tantas despesas. Para o pequeno empresário, que muitas vezes acumula funções e enfrenta dificuldades em gestão, este período pode se transformar em uma confusão financeira digna de novela. O risco de começar o ano atolado em dívidas é grande. Misturar despesas pessoais e empresariais, ignorar o pró-labore e achar que lucro é sinônimo de salário. Fiquem de olho. Essa pegadinha está escondida.
Nessa hora cai a ficha: faltou gestão na empresa? É um bicho de sete cabeças? Na verdade, é um bichinho bem legal e fácil de cuidar.
Muitos pequenos empresários ainda têm dificuldade em organizar as finanças da empresa. Falta um bom controle de caixa, avaliar o capital de giro, conhecer o lucro, planejar as sazonalidades (as despesas de final de ano como o 13º salário é uma delas). Se não domar esse bichinho "gestão", o planejamento é atropelado ou ele nem é feito. Como resolver? Coloque um escorpião no bolso!
O que isso significa? Não é só resistir a gastos impulsivos, mas também entender que algumas decisões precisam de planejamento. Antes de usar o dinheiro da empresa para tapar buracos pessoais ou fazer investimentos sem estratégia, pare, analise e priorize.
E a luta de boxe entre Pró-labore e Retirada de Lucros? Aqui vai uma verdade que pode doer: empresa não é extensão da sua conta bancária. Misturar finanças pessoais e empresariais é como usar chinelo na chuva - pé enxarcado e pode ficar gripado.
Pró-labore: É o "salário" fixo que você, como empresário, deve estipular para suas despesas pessoais. Deve ser planejado como qualquer outro custo fixo.
Lucros: São os ganhos da empresa, que só podem ser retirados após quitar todas as despesas e tributos. Confundir lucro com pró-labore é nocaute na certa. No primeiro round você tira o dinheiro. Nos rounds seguintes sua empresa precisará dele. No início parece divertido, mas o prejuízo vai te nocautear.
Dica prática: Defina um pró-labore realista e respeite-o. Reserve os lucros para reinvestimentos ou retiradas estratégicas, sempre considerando a saúde financeira do negócio.
E os vilões ocultos? Muito provavelmente as despesas pessoais. Causadoras do seu pró-labore impensado. No fim do ano temos um exemplo maravilhoso desse malfeitor. Além dos desafios empresariais, as festas de fim de ano trazem um peso extra para o bolso. Presentes, viagens e as famosas "comidinhas a mais" da ceia podem estourar qualquer orçamento. E o que muitos empresários fazem? Usam dinheiro da empresa para cobrir as despesas de casa. Alerta vermelho!
Seja disciplinado. Resista à tentação de usar o caixa da empresa como um cofrinho pessoal. Um bom planejamento financeiro começa com a separação das contas. Afinal, se o escorpião estiver no bolso certo, ele vai ajudar a evitar essas mordidas inesperadas no caixa da empresa.
O escorpião é seu amigo. O fim de ano não precisa ser uma batalha perdida. Com um pouco de gestão, planejamento e o escorpião no bolso, você pode começar o próximo ano com mais controle e menos dor de cabeça. Lembre-se: pró-labore é sobrevivência, lucro é recompensa, e planejamento é a chave para o sucesso, tanto nos negócios quanto na vida pessoal.
*Especialista em Pequenas Empresas, Engenheiro Eletricista (UFRJ 1983), e especialista em Gestão de Negócios