Postes pegando fogo expõem falhas graves na rede elétrica

Casos motivam cobrança à Enel e aprovação de uma nova lei

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Nova lei amplia a responsabilidade das empresas que utilizam postes para fiação aérea

Por Gabriel Rattes

Nos últimos dois meses, ao menos três postes de energia pegaram fogo em Itaipava, distrito de Petrópolis, chamando atenção para o estado crítico da rede elétrica e de telecomunicações da cidade. Os incêndios ocorreram em plena luz do dia, em pontos movimentados da Estrada União e Indústria, gerando risco de acidentes e travando o trânsito em uma das principais vias da região. As reclamações contra a Enel se intensificaram também no cenário político. Nesta terça-feira (10), o vereador Júnior Coruja e o prefeito Hingo Hammes participaram de uma audiência pública em Brasília para cobrar melhorias nos serviços prestados pela concessionária.

Enquanto isso, a Câmara Municipal de Petrópolis aprovou uma nova lei que amplia a responsabilidade das empresas que utilizam postes para fiação aérea, como operadoras de internet, telefonia e TV a cabo.

Incêndios nos postes

Diante dos episódios, a associação Unidos por Itaipava oficiou a Enel Distribuição Rio, pedindo uma revisão completa dos postes, a remoção de fios inativos e manutenção emergencial nos trechos críticos. O alerta da entidade é claro: a situação deixou de ser estética e passou a ser de segurança pública. "Toda vez que um poste pega fogo, além do risco de atingir casas, comércios e pessoas, o trânsito entra em colapso. Isso tem acontecido com muita frequência no mesmo trecho da Estrada União e Indústria", afirma Alexandre Plantz, presidente da UNITA.

O problema, no entanto, não é responsabilidade apenas da Enel. Parte dos fios amontoados e soltos pertence a empresas de telefonia, internet e TV a cabo. A ausência de organização e manutenção transforma os postes em verdadeiros emaranhados perigosos, com fios pendurados por calçadas e ruas, ameaçando pedestres e motoristas.

Pressão aumenta sobre a Enel

As reclamações contra a Enel se intensificaram também no cenário político. Nesta terça-feira (10), o vereador Júnior Coruja e o prefeito Hingo Hammes participaram de uma audiência pública em Brasília, convocada pelo deputado federal Hugo Leal, para tratar da má qualidade dos serviços prestados pela concessionária.

Durante a audiência, Júnior Coruja reforçou a cobrança por soluções quanto às constantes quedas de energia e ao alto número de reclamações dos consumidores fluminenses. Já o prefeito criticou a dificuldade da concessionária em realizar serviços básicos, como a poda de árvores que ameaçam a rede elétrica, o que contribui para a precariedade no fornecimento de energia.

Fiação aérea

Enquanto moradores e autoridades cobram ações emergenciais, a Câmara Municipal de Petrópolis aprovou, nesta terça-feira (10), uma nova lei que pode ajudar a resolver o problema de forma estrutural. O projeto, de autoria do vereador Marquinhos Almeida, altera a Lei nº 7.870/2019, ampliando a responsabilidade de empresas que operam com fiação aérea e endurecendo as penalidades para quem descumprir as regras.

A nova versão da lei determina que:

- Todos os fios danificados, fora de uso ou mal conservados devem ser removidos;

- As empresas responsáveis devem manter o alinhamento correto dos cabos;

- A multa para descumprimento aumenta para 160 UFPEs, podendo dobrar em caso de reincidência;

- Em casos de risco iminente, o prazo para correção será de até 24 horas.

O novo texto ainda deixa claro que os custos para a manutenção, retirada e alinhamento da fiação devem ser arcados exclusivamente pelas empresas responsáveis, sendo expressamente proibida a cobrança de qualquer valor adicional aos consumidores.

"O acúmulo de fios inutilizados nos postes compromete a segurança da população e contribui para a poluição visual nas ruas da cidade. Com essa nova legislação, damos um passo importante para garantir mais organização, segurança e qualidade de vida para os petropolitanos", destacou o vice-presidente da Câmara e autor da lei.

O que diz a Enel?

Em resposta à audiência em Brasília, a Enel Distribuição Rio informou que, nos últimos anos, tem realizado investimentos e alcançado melhorias significativas nos indicadores de qualidade, cumprindo com as metas estabelecidas pela agência reguladora, a Aneel.

De acordo com a empresa, entre 2020 e 2024, reduziu em 29% a quantidade média das interrupções de energia (FEC) e em 19% a duração média das interrupções (DEC). E que entre novembro de 2024 e março deste ano, a companhia reduziu em cerca de 40% o tempo de atendimento aos clientes em sua área de concessão, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em nota a Enel informou:

"A Enel Distribuição Rio informa que, nos últimos anos, tem realizado investimentos recordes e alcançado melhorias significativas nos indicadores de qualidade, cumprindo com as metas estabelecidas pela agência reguladora, a Aneel.

Entre 2020 e 2024, a empresa reduziu em 29% a quantidade média das interrupções de energia (FEC) e em 19% a duração média das interrupções (DEC). Entre novembro de 2024 e março deste ano, a companhia reduziu em cerca de 40% o tempo de atendimento aos cliente.

Anunciou ainda um investimento de cerca de R$ 6,1 bilhões para o período entre 2025 e 2027. Além dos indicadores operacionais de qualidade, a Enel cumpre com os critérios econômico-financeiros previstos em contrato e na regulamentação da Aneel".