Por: Yasmim Grijó

Pacientes com fibromialgia ganham cartão de identificação

Conscientização e enfrentamento à fibromialgia | Foto: Pedro França/Agência Senado

Ainda pouco conhecida, a fibromialgia atinge cerca de 2% a 3% da população brasileira, segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia. A doença acomete mais mulheres que homens e costuma surgir entre os 30 e 55 anos. Porém, existem casos em pessoas mais velhas e também em crianças e adolescentes.

Em Petrópolis, atualmente, 142 pacientes com fibromialgia contam com cartões de identificação da doença. De acordo com a Secretaria de Saúde, o serviço torna-se fundamental para garantir prioridade no atendimento desses pacientes em órgãos públicos municipais, empresas estatais, concessionárias de serviços públicos, empresas públicas e privadas, e estacionamentos.

Segundo o secretário de Saúde, Marcus Curvelo, a identificação dos pacientes com fibromialgia é realizada por meio de um cartão expedido gratuitamente pela Secretaria Municipal de Saúde. "Esse cartão permite que os pacientes sejam cadastrados e tenham seu documento confeccionado e entregue pela própria SMS. Até o momento, temos 142 pacientes cadastrados, sendo 141 mulheres e apenas um homem", disse.

Como adquirir o cartão?

A abertura do processo de confecção do cartão ocorre no setor de Protocolo do Centro Administrativo da Prefeitura, mediante a apresentação dos documentos necessários pelo paciente ou por um familiar. São necessárias a apresentação das versões originais e cópias do RG, CPF, comprovante de residência, laudo médico atestando a veracidade da condição, cartão do SUS e uma foto 3x4. "Após a abertura do processo, este é encaminhado hierarquicamente até o setor responsável pela confecção e impressão dos cartões. A entrega respeitará o prazo legal de 30 dias", enfatizou a superintendente de Atenção à Saúde, Luana Mello.

Fibromialgia

Paulo Giacomazzi, reumatologista e professor da UNIFASE explica que fibromialgia é uma condição caracterizada por dor muscular e/ou articular difusa, crônica (durando mais que 3 meses) e que não apresenta evidência clara de inflamação aos exames de imagem, laboratório ou exame físico.

"O mecanismo pelo qual se dá a Fibromialgia ainda não é completamente elucidado, porém postula-se que a percepção da dor e a forma como ela é processada pelo sistema nervoso está alterada a nível dos neurotransmissores. Ou seja, estímulos como tato ou toque, que normalmente não causam dor, são percebidos como dor nos indivíduos. Existe um contribuinte genético para o desenvolvimento da doença bem como o estresse emocional crônico, dor localizada maltratada, doenças graves e distúrbios do humor (ansiedade, depressão) entre outros fatores de risco", diz o médico.

Sintomas

Os sintomas em geral são tipicamente associados a "dor generalizada", que pode durar o dia todo ou ser intermitente. A dor ao toque, ao realizar atividade física e dor que piora com a "virada do tempo" também podem estar presentes. "Além do componente da dor, muitos pacientes também referem insônia ou má qualidade do sono, esquecimento frequente, fadiga, desatenção persistente, alteração do humor (depressão, ansiedade) e outros sintomas", explica.

Muitas dúvidas surgem quando o assunto é o diagnóstico da doença. O especialista ressalta que não há exame laboratorial ou de imagem que defina fibromialgia. Portanto, o diagnóstico é baseado na história clínica do paciente, no exame físico e na exclusão de demais causas que possam levar a quadro semelhante.

"A doença não cursa com sequelas irreversíveis, ou seja, a presença de artrose ou deformidade das articulações ou perda de força muscular importante devem levantar a suspeita de outra doença associada. Visto a inespecificidade dos sintomas, é importante se atentar a duração dos sintomas (se persistem por mais de 3 meses de forma contínua) e a intensidade dos sintomas", explica.

Tratamento

O reumatologista afirma que para o tratamento é feito o uso de medicações que regulam a atividade do sistema nervoso, e que atuam no humor. "O tratamento principal, entretanto, não é farmacológico, mas sim a alteração dos hábitos de vida. A prática de atividade física regular, em especial exercícios aeróbicos (natação, dança, corrida...) são vitais para regular a atividade do sistema nervoso, assim como melhorar a qualidade do sono que pode ajudar a fadiga, esquecimento e outros sintomas", destaca.

Os pacientes com a enfermidade podem apresentar dor/fadiga ao iniciar atividade física, porém é a atividade continuada e rotineira que a longo prazo irá melhorar a dor e os sintomas. "A fibromialgia é uma doença crônica, e o tratamento requer perseverança, disciplina e uma postura ativa de mudar os hábitos de vida; porém não é uma doença que gera sequelas ou risco de morte por si só. O acompanhamento médico é vital para acompanhar o tratamento e ajustar as medicações caso presentes", completa o médico Paulo Giacomazzi.