Por: Gabriel Rattes

Ônibus e rodoviárias em Petrópolis passarão a contar com informativos de campanha antirracista

Terminal Rodoviário do Centro de Petrópolis | Foto: Arquivo TVC

Foi aprovada em uma reunião do Conselho Municipal de Trânsito e Transportes (COMUTRAN) a proposta de fixação de informativos sobre o Disque Antirracista em ônibus e terminais rodoviários de Petrópolis. A iniciativa é do conselheiro do COMUTRAN e do COMPIR, Guilherme Freitas Gomes. “Além do Disque ser um instrumento de denúncia, também é instrumento que oferece suporte jurídico, psicológico e assistencial às vítimas de racismo”, afirmou Guilherme.

O Disque Antirracista é uma ferramenta de denúncias das iniquidades sociais, desigualdades estruturais e violência sistêmica que a população negra sofre e por consequência, essa população acaba sendo exposta a vulnerabilidade extrema. Caso alguém presencie ou sofra tal crime, basta ligar para o número 0800-024-00, entre às 9h e 17h, para ter assistência por parte da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Social. A equipe irá dar o suporte e orientar quais medidas a vítima deve tomar.

“A importância dessa aprovação é fazer com que o número do Disque Antirracista chegue a cada trabalhador (a) e usuário do transporte coletivo na cidade. Hoje, o transporte público é utilizado por pessoas das comunidades, que são em suma maioria, na cidade, de pretos e pardos, vítimas muitas das vezes do racismo institucional”, afirmou o conselheiro. “O ambiente de transporte público é o que mais passa pessoas no dia a dia. Então qualquer fixação de cartaz dentro dos ônibus, ele chega para a população em geral de uma forma mais efetiva”, completou Freitas.

Durante a reunião desta segunda-feira (19), Guilherme Freitas ainda apresentou alguns dados cruciais para debater o assunto e relembrou um caso que ocorreu no ano passado em Petrópolis. “O ápice do caso, a passageira idosa e branca jogou uma casca de banana em direção a uma cobradora negra. Na ocasião, o motorista fechou a porta e encaminhou todos a 105 [delegacia de polícia do Retiro] e lá a mulher foi presa em flagrante por um crime de injúria racial”.

Uma pesquisa do Instituto Locomotiva mostra que 72% das pessoas dizem já ter presenciado situação de racismo em seu transporte do dia a dia e 39% foram vítimas do crime, ou seja, uma em cada três pessoas negras já sofreu preconceito em seus deslocamentos. Entre trabalhadores negros que atuam no setor, esse número é ainda maior, 65% dos entrevistados já enfrentaram alguma situação de racismo durante o expediente.

Já de acordo com dados do Dossiê de Crimes Raciais do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP), Petrópolis é a terceira cidade do Estado com mais casos de racismo.

“O Guilherme apresentou alguns dados durante a reunião que chamaram realmente a atenção. É um índice muito alto que nos envergonha muito. Então a gente precisa fazer realmente um trabalho de divulgação e conscientização para minimizar esse pavor que é o racismo”, afirmou o vereador Hingo Hammes, que é presidente da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana da Câmara Municipal.

“Parabenizamos muito a iniciativa do conselheiro, que demonstra a importância da sociedade civil dentro dos conselhos, participando efetivamente e trazendo pautas importantes”, finalizou o vereador.

Guilherme Freitas Gomes ainda enfatizou a importância de implementar a medida em outros veículos permitidos a rodar no município, como táxis, e também nos terminais rodoviários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.