Por Gabriel Rattes
As fortes chuvas que ocorreram em Petrópolis nas últimas semanas, ainda que em menores proporções do que 2022, foram suficientes para revelar o despreparo do município no enfrentamento às mudanças climáticas. Em apenas uma hora, a localidade da 24 de Maio registrou mais de 52 milímetros de chuva, vídeos publicados por moradores nas redes sociais mostram a rua principal tomada pela correnteza, resultado da falta de obras para o escoamento da água de chuva.
Neste mesmo dia, na Rua Monsenhor Bacelar, no Centro Histórico, um enorme buraco no asfalto prejudicou a passagem de veículos. Outras regiões como Coronel Veiga, Alto da Serra, Bingen e Castelânea também registraram alagamentos. Além da falta de obras efetivas que amenizem os alagamentos, o despreparo também é evidenciado no tratamento dado aos locais para receber os moradores que moram em áreas de risco: os pontos de apoio. A Comissão Especial da Câmara Municipal preparou um relatório sobre as condições dos locais, a maioria apresenta diversas irregularidades.
Além dos problemas estruturais, há falhas nas campanhas de prevenção e treinamento da população para possíveis novos desastres. A Secretaria Municipal de Proteção e Defesa Civil lançou o Plano de Contingência para chuvas intensas de verão de 2024 somente no dia em que marca o início da estação, dia 22 de dezembro. "Objetivando a eficácia de resposta à população e o retorno da situação de normalidade em caso de desastre", afirmou a Gestão Municipal.
Irregularidades em Pontos de Apoio
A Comissão Especial da Câmara Municipal de Petrópolis visitou os 67 pontos de apoio listados pela Defesa Civil, destes 64 tiveram problemas. No relatório, os vereadores chegaram à conclusão de que os pontos não estão preparados para receber a população em casos de emergência. Apenas dois dos pontos analisados possuem protocolo de abertura determinado pela Defesa Civil. Nenhum deles possui reserva de água potável, alimentos não perecíveis, kit básico de primeiros socorros, colchonetes, cobertores e nem equipamentos de comunicação independente, fornecidos pelo Município.
Um fato que chamou a atenção no relatório apresentado pela vereadora Julia Casamasso é que de todas as unidades visitadas, 14 são Centros de Educação Infantil (CEI). O que, segundo os vereadores, prejudica o ensino das crianças por ficarem sem aula enquanto o local serve como ponto de apoio. Com as chuvas de quinta-feira, dia 08 de fevereiro, dos quatro pontos de apoio abertos e que tiveram registro de mobilização da população, três eram escolas e um CEI.
A Comissão é presidida pela vereadora Júlia Casamasso (Coletiva Feminista Popular), a formulação do documento ainda contou com a participação dos vereadores Hingo Hammes (União) e Marcelo Chitão (PL).
Questionada sobre as irregularidades apresentadas no relatório da Comissão Especial, não obtivemos resposta por parte do município.
Defesa Civil anuncia radiocomunicadores
O Secretário de Proteção e Defesa Civil, tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Gil Kempers, informou em uma reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMDEMA) este mês, que o município está treinando 150 pessoas para operarem como radiocomunicadores durante os períodos de tragédia. O secretário explicou que a medida foi tomada porque durante tragédias é comum acabar a luz e também internet nos locais afetados, sendo assim, os rádios são os únicos meios de comunicação.
Ainda na reunião, Kempers informou também que está em fase de testes uma nova forma de enviar o SMS de alerta da Defesa Civil. Até então, a população tem que cadastrar o número de celular e CEP no site do órgão. Com essa nova tecnologia, a Defesa Civil irá emitir os alertas para satélites espalhados pela cidade, e quem estiver no raio de alcance deles, receberá o SMS no celular. Kempers explicou que a tecnologia está em fase de testes e espera que esteja em pleno funcionamento em março deste ano.
