Por: Redação

Uma população invisível

Na madrugada da última terça-feira (28), um triste acontecimento chamou a atenção no Centro de Petrópolis, mas sua marca parece ter se dissolvido com as primeiras luzes do dia. Foi encontrado o corpo de um homem, que ainda não foi divulgado, e suspeita-se que ele vivia em situação de rua e teria se envolvido em uma briga. No entanto, o que chama a atenção não é apenas a trágica fatalidade, mas a rápida e aparentemente indiferente resposta da sociedade local. Pela manhã, o local onde o corpo foi encontrado já estava limpo, e as atividades cotidianas retomaram seu curso, como se a vida de um ser humano não merecesse sequer uma pausa na rotina.

Este episódio traz à superfície uma questão: a invisibilidade da população em situação de rua. Quando uma tragédia ocorre entre aqueles que não têm um teto para chamar de lar, a comoção é muitas vezes efêmera, se é que existe. Não ter uma residência é apenas uma camada visível do problema; a invisibilidade social é outra dimensão, também preocupante.

Um caso como este precisa servir como um chamado à reflexão. A morte de uma pessoa não deveria se perder na paisagem urbana ou na correria do dia a dia, a indiferença só perpetua a invisibilidade e o sofrimento, e é hora de quebrar esse ciclo e trazer à tona não apenas as tragédias, mas também a dignidade e os direitos daqueles que vivem à margem de nossa atenção cotidiana. Ontem, até o final do dia o corpo ainda não tinha sido identificado, a morte nestas circunstâncias e a miséria, deveriam ser consideradas uma tragédia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.