Por: Gabriel Rattes

Atrasos e superlotação no transporte em Petrópolis

Com menos ônibus na zona sul se tornou comum ver as baias do Terminal vazias | Foto: Marlus Renato

Usuários do transporte coletivo continuam enfrentando problemas em Petrópolis. Desde que a empresa Petro Ita foi proibida de operar na cidade, em decorrência de um decreto da Prefeitura, passageiros relatam atraso nas linhas dos ônibus, superlotação e até mesmo falta de coletivos. Nesta quarta-feira (14), moradores entrevistados pela reportagem no Terminal Rodoviário do Centro apontaram as dificuldades enfrentadas com os coletivos nos últimos dias. Dentre algumas das expressões ouvidas estão "Não tem horário certo", "Ônibus muito cheios", "Estão deixando muita gente no ponto", "Está tendo pouco ônibus", entre outras.

Cris Araújo é autônoma, possui três filhos e enfrenta problemas com os ônibus na região do bairro Amazonas. "Os ônibus estão indo muito cheio. Eu tenho três crianças, sento no banco com muita dificuldade e as crianças andam em pé durante a viagem. Não só a minha situação, como a situação de outras crianças e estudantes. Estão deixando muita gente também nos pontos", disse.

A aposentada Solange Prantes, de 68 anos, mora na comunidade Rio de Janeiro, no bairro Quitandinha, e relatou que ficou esperando ônibus por 1h30 na terça-feira (10). "Eram cinco ônibus lá, agora só tem dois. Fiquei esperando muito tempo mesmo, dá vontade até de desistir. Os ônibus estão largando as pessoas nos pontos. Ta muito cheio. Ele [ônibus] desce o Rio de Janeiro e não pega mais ninguém. Já sai lá de cima muito cheio", enfatizou

Decreto Petro Ita

A Prefeitura de Petrópolis publicou, no sábado (07), um decreto que obriga a empresa Petro Ita a retirar todos os veículos da rua. A partir disso, a empresa Cidade Real passou a circular nas regiões do Independência, Taquara, São Sebastião, Siméria e Santa Isabel. Além das que estavam circulando também nas regiões do Alto da Serra, Morin e Meio da Serra, conforme a última decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Decisão essa que atendeu um recurso da Prefeitura para a substituição da empresa Petro Ita nessas regiões. A Turp Transporte está operando no Espírito Santo, Rio de Janeiro, Amazonas, Duques, Dr. Thouzet, Valparaíso, Honduras, Gulf e Venezuela. Já a Cidade das Hortênsias está atendendo as localidades: Getúlio Vargas, Valparaíso e Comunidade Oswaldo Cruz.

O aposentado Francisco Borges estava aguardando um coletivo, nesta quarta-feira (11), no Terminal Centro. "Essa mudança também pegou as empresas com as 'calças na mão'. Elas não estavam preparadas com um volume de ônibus para atender a população. Até elas conseguirem ter um número suficiente de ônibus para atender vai demorar um pouco".

Enquanto isso, o serviço segue sendo ofertado para a população de forma problemática. "Os ônibus só estão andando lotados, não andam vazios. Estão passando pelos bairros em horário de pico quando as pessoas estão saindo para trabalhar, pegam o pessoal até um determinado ponto e depois não pega mais ninguém porque já está lotado. Aí as pessoas têm que esperar outro", completou Francisco.

A nota emitida pela Prefeitura afirma que a previsão é de que mais ônibus cheguem ao longo da semana. "[...] o que vai permitir a adequação dos horários para atender à população dessas regiões de forma segura", afirmou. Procurada, a Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) não respondeu sobre as questões apresentadas pelos moradores.

O que diz o Setranspetro

Em nota, o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Petrópolis (Setranspetro) afirmou que as empresas Cidade Real, Cidade das Hortênsias e Turp Transporte estão, desde sexta-feira (06), atuando de forma emergencial em Petrópolis, seguindo o plano de contingência do transporte público. "Nesta semana, a cada dia, novos ônibus serão incorporados à frota das empresas, dando início à normalização do atendimento em algumas regiões. As operadoras seguem realizando chamamento urgente para a contratação imediata dos rodoviários", afirmou.

O Sindicato disse também que até sexta-feira (13), novos veículos começam a integrar a operação das localidades atendidas de forma emergencial. "Nos dias seguintes, a chegada de mais ônibus visa trazer normalidade nos deslocamentos da população, desafio para as empresas, que estão se adaptando e montando uma estrutura que agrega diversos elementos e itens, como garagem, abastecimento, manutenção e contratação de mão de obra", diz um trecho da nota.