Petrópolis decreta fim da epidemia de dengue

Município teve grande redução de casos nas últimas semanas

Por Gabriel Rattes

Municípios intensificam campanha para eliminar focos do mosquito, mas casos da doença continuam subindo

A Prefeitura de Petrópolis anunciou, por meio do Diário Oficial (D.O) desta quinta-feira (4) , o fim da situação de emergência da saúde pública em razão da epidemia de dengue. De acordo com o decreto, datado no dia 4 de julho, a decisão foi tomada após o grupo técnico da Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica comprovar a situação de quedas dos casos, por quatro semanas consecutivas. "Em todos os casos suspeitos de dengue deverão ser mantidos os protocolos do manejo clínico, preconizado pelo Ministério da Saúde, e os fluxos assistenciais já estabelecidos", completa o decreto.

De acordo com o Painel de Arboviroses da Secretaria de Estado de Saúde, neste primeiro semestre de 2024, a cidade de Petrópolis registrou 8.106 casos da doença, e 14 mortes. Comparado ao ano passado, houve um aumento de 8.616%, quando foram registrados apenas 93 casos. Quando comparado ao mesmo período no ano de 2022, a diferença é ainda maior, já que foram registrados apenas cinco casos.

Apesar do alto número de casos e mortes da doença neste ano, os últimos dados do Painel do Estado demonstram uma queda entre as semanas 11 e 26 (última que tem registro) na cidade. Em janeiro deste ano, Petrópolis registrou 336 casos. Em fevereiro, aumentou para 1.917. No mês de março foi o maior pico da doença, registrando 3.426 casos. A partir de abril começou a diminuir o número com 1.841; em maio foi para 551; e em junho, apenas 34 casos.

Vacinação para crianças e adolescentes

Apesar da liberação da vacina contra a dengue para crianças e adolescentes desde o dia 20 de junho, a adesão tem sido abaixo do esperado, não só em Petrópolis, mas em todo o país. Até a manhã da última quinta-feira (04), apenas 295 doses do imunizante foram aplicadas, de um total de mais de 3,8 mil recebidas pelo município. Crianças e adolescentes de 10 a 14 anos integram o público alvo.

Em Petrópolis, a vacina está sendo ofertada pela Prefeitura, por meio da Divisão de Imunização da Secretaria de Saúde, em três salas de vacinação, como Centro de Saúde Coletiva e UBSs de Itaipava e Pedro do Rio. O secretário de Saúde, Ricardo Patuléa, enfatizou a importância da vacinação preventiva. "O Ministério da Saúde observou um aumento nos casos graves de dengue entre crianças e adolescentes. A vacinação é uma medida eficaz para evitar hospitalizações e complicações decorrentes da doença", afirmou.

Importância da vacinação

A dengue é uma arbovirose que pode ser causada por quatro sorotipos diferentes, e seus sintomas incluem mialgia intensa, febre, diarreia e vômito. "É uma enfermidade severa, que incluem ainda dores musculares intensas, podendo evoluir para formas graves com risco de queda significativa das plaquetas e até choque", explica, o pediatra Roberto Audyr, diretor médico do Centro de Saúde Coletiva e diretor técnico da Clínica de Imunização Vaccini. Ele acrescenta que a situação epidemiológica da dengue, no país, é alarmante. Em 2024, até abril, o Brasil já havia registrado 4,3 milhões de casos da doença e 2.197 óbitos confirmados.

Para combater a doença, Audyr enfatiza a importância da vacinação. "A vacina Qdenga, disponibilizada pelo Ministério da Saúde para a faixa etária de 10 a 14 anos, é segura e eficaz. "A vacina Qdenga é segura, com vírus vivo atenuado, e protege contra os quatro sorotipos da dengue. Ela apresenta uma eficácia superior a 80% contra as formas graves da doença, com mínimos efeitos adversos. A aplicação ocorre em duas doses, com intervalo de três meses, seguindo rigorosamente as orientações do Ministério da Saúde", afirmou.

De acordo com o médico infectologista Marco Liserre, a escolha dessa faixa etária para priorização da vacinação se deve aos dados epidemiológicos. "Crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos têm mostrado maior propensão a desenvolver quadros graves de dengue. A vacina Qdenga é segura e recomendada mesmo para aqueles que nunca tiveram contato com o vírus", explicou Liserre.

A vacina Qdenga requer duas doses, administradas com um intervalo de três meses. Liserre também destacou que mesmo quem já teve dengue deve completar o esquema vacinal. "É importante que todos se conscientizem sobre a importância da vacinação para proteger os jovens", concluiu o infectologista.

 *Com informações da Prefeitura de Petrópolis