Por: Yasmim Grijó

Flipetrópolis abre espaço para autores locais e independentes

Festival Literário no Palácio de Cristal | Foto: Foto: Divulgação


Além de autores consagrados na primeira edição do Flipetrópolis, o festival literário está oferecendo a oportunidade de autores independentes, ou já publicados por editoras convencionais lançarem seus livros gratuitamente no evento, fazendo parte da programação oficial. Foram mais de 150 inscrições recebidas, e na quarta-feira (02), cerca de 20 escritores estiveram no estande de autógrafos, no Palácio de Cristal.

Muitos autores independentes têm perspectivas únicas e histórias cativantes para compartilhar, mas podem enfrentar desafios para terem suas obras reconhecidas em um mercado dominado por grandes editoras. Um desses talentos é o petropolitano Lucas Ventura que foi convidado para montar uma mesa no evento, sobre cultura africana. Com seu trabalho independente e ganhando espaço no festival, o autor falou sobre o universo editorial. Um mercado dominado por vários grupos e, quem está de fora, luta por visibilidade.

“Quando se abre um espaço para os autores independentes dentro do Flipetrópolis, é absolutamente fundamental nessa questão de reconhecimento. Ou seja, nós temos uma oportunidade para comunicar as ideias e publicar os trabalhos. Ao oferecer espaço e visibilidade para esses autores em eventos literários, é possível ampliar o alcance de suas obras, permitindo que novas vozes sejam ouvidas e valorizadas”, destaca.

Lucas também é historiador e sua pesquisa é voltada para os movimentos abolicionistas nas décadas de 60, 70 e 80 do século XIX, em Petrópolis. O Palácio de Cristal, onde está sendo realizado o Flipetrópolis, possui um contexto histórico importante nas publicações do autor. É um ambiente onde as discussões abolicionistas aconteciam e onde foi realizada a festa de libertação dos últimos escravos no dia 1º de abril de 1888.

“Faz todo o sentido poder falar de Petrópolis dentro desse evento. Não há caminho melhor para você identificar sentido no discurso, na história, senão falar das coisas que nos atravessam de maneira muito direta. Essa mesa trata além da cidade imperial, ou seja, o que não está presente no discurso público, e isso é muito importante”, enfatiza o autor.

Filipe Graciano, também convidado para o Flipetrópolis, comenta sobre seu trabalho dentro do evento. O autor possui um museu da memória negra de Petrópolis, fundado em 2018, e comenta sobre o quanto isso se torna importante em ser divulgado. “Hoje temos um museu virtual, mas é itinerante. A gente está na luta para conseguir o espaço físico do museu. Na mesa redonda, nós falamos sobre as memórias negras da cidade, e o trabalho que nós temos feito de mapeamento e registro desse passado”, diz.

Além disso, o artista destaca que o apoio a autores independentes contribui para a democratização do acesso à literatura, possibilitando que uma variedade de gêneros, estilos e temas seja representada. “Isso enriquece a experiência dos leitores, que têm a oportunidade de descobrir obras inovadoras e significativas que talvez não teriam acesso em outros contextos", completa.