Por: Gabriel Rattes

Carta Pública cobra adequação em projeto de Parque Natural

Ruínas do Parque Natural Municipal Padre Quinha | Foto: Gabriel Rattes

Sociedade civil, pesquisadores e representantes de algumas instituições fizeram parte dos debates e redação de uma carta pública endereçada ao prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, sobre as obras nas ruínas do Parque Natural Municipal Padre Quinha. Segundo o documento, o projeto de R$ 1.509.297,85 não atende às normas de acessibilidade. "[...] e não estabelece uma relação minimamente aceitável de respeito com o patrimônio histórico e cultural do conjunto em que se insere [...]", diz a Carta. O documento, que já tem mais de 200 inscritos, também foi encaminhado para diversas entidades de interesse do patrimônio histórico e arquitetônico da cidade.

"Compreendemos que os planos de obras ao qual o público teve acesso, além de estarem em ilegalidade frente às Normas de Acessibilidade (NBR9050) atualizadas em 2020 e obrigatórias para o tipo de edificação de uso público pretendida, fere também princípios primordiais em relação aos esforços de preservação do patrimônio histórico e cultural", afirma o documento.

A todo momento, os relatores enfatizam a importância de se manter aparente a antiga estrutura. "O edifício aqui em debate possui relevância histórica e cultural, principalmente por ser uma edificação de cerca de um século e meio. Ou seja, sua inegável relevância está imposta justamente por sua idade, independentemente de sua função original ou secundária ao longo destes 150 anos".

Uma das redatoras do documento, Natalia Kochem - Arquiteta e Urbanista, Mestranda em Urbanismo -, afirma que, inicialmente, alguns dos participantes não desejavam apoiar obra alguma no Parque. "Mas compreendemos ao longo do debate que ter infraestrutura de equipamento público no local é benéfico para a população e turismo, assim como a coexistência de características da atual ruína histórica. Que remonta a memórias importantes da cidade", enfatizou.

A partir disso, eles não apenas apontaram possíveis irregularidades, mas apresentaram também exemplos de projetos que preservaram a estrutura e elementos históricos das ruínas coexistindo com uma infraestrutura moderna. São eles: Parque das Ruínas (Parque Glória Maria) - no Rio de Janeiro, Brasil; Ruínas da Igreja de São José de Queimado - no Espírito Santo, Brasil; Zhang Yan Cultural Museum (Museu Cultural Zhang Yan) - em Xangai, na China; e Parchment Works House (Casa dos Pergaminhos) - em Northamptonshire, no Reino Unido.

O que diz a Prefeitura

Em resposta, a Secretaria de Obras afirmou que as obras na ruína do Parque Natural Municipal Padre Quinha foram aprovadas pelo Iphan - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. "Na ruína, há uma mistura de sistemas construtivos. Há, de fato, os tijolos maciços (os "tijolinhos"). Mas também há elementos mais recentes, sem valor histórico, como tijolos furados e concreto. Quanto a esses elementos mais recentes, não faria sentido, do ponto de vista estético e histórico, preservá-los".

A Prefeitura também afirmou que a parte dos tijolos maciços será mantida, de forma aparente, na área onde funcionará um café. "Sobre a acessibilidade, as afirmações da carta não procedem. O projeto da Prefeitura para a ruína conta com plataforma, portas adequadas e banheiro acessível", finalizou a prefeitura.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.