Prefeitura de Petrópolis não justificou ao TCE contratação milionária
Conselheiros dão novo prazo para apresentação de documentos
Em sessão do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE), desta quarta-feira (21), foi debatido o processo que apura a contratação do escritório de advocacia Celso Sardinha Advogados, pela Prefeitura de Petrópolis, para representá-la em um processo milionário contra a GE Celma. O processo foi aberto a partir de uma representação ao Tribunal feita pela vereadora de Petrópolis Gilda Beatriz. Na sessão, o conselheiro do TCE relator do processo, Marcelo Verdini Maia, enfatizou a falta de transparência e omissão do município com a prestação de contas das contratações, e manteve a decisão que cobra da Prefeitura todos os documentos relativos à contratação, sem licitação, do escritório. Caso a Prefeitura não apresente todas as informações solicitadas, poderá haver punições.
No ano passado, em 27 de novembro, o TCE já havia solicitado à prefeitura a relação de documentos referente ao contrato de honorários advocatícios com o escritório. E até então, a Prefeitura não havia apresentado nenhum documento. O Procurador-Geral de Petrópolis, Miguel Barreto, esteve presente na sessão para fazer a defesa oral no processo. Aos conselheiros, o procurador não conseguiu explicar o motivo de não ter apresentado os documentos solicitados em novembro do ano passado, como: os contratos, os recibos de pagamento e o processo administrativo que gerou a contratação.
Miguel apenas apontou que o aumento da arrecadação do ICMS - consequência da ação aberta pelo escritório contratado - acarretou a construção de contenções no município. "O que se busca aqui é evitar julgamentos conflitantes. O valor arrecadado com o aumento do ICMS, nós utilizamos para fazer obras de contenção que beneficiou o cidadão petropolitano. Contribuiu para que não pudéssemos ter problemas com chuvas em 2023. E em 2024 continuaremos sem problemas relevantes", disse.
Além dos contratos, a representação feita ao Tribunal pela vereadora de Petrópolis Gilda Beatriz, quer saber por que a Prefeitura contratou um escritório de advocacia mesmo com um corpo jurídico na Procuradoria-geral do município.
"A Prefeitura não levou documento nenhum, não levou contrato nenhum. O prefeito [Rubens Bomtempo] está achando que ele está acima da lei. Que pode gastar nosso dinheiro do jeito que ele quer. Nós temos procuradores concursados, com expertise, que poderiam ter feito essa ação e sem ônus para o município", afirmou a vereadora, parabenizando a Associação Serrana de Advogados por ter contribuído com informações no processo.
Omissão
Em decisão proferida no dia 27 de novembro de 2023, foi solicitado que a Prefeitura de Petrópolis apresentasse uma cópia integral dos procedimentos administrativos das contratações e respectivos processos de pagamento em favor do escritório. Para que assim, fosse possível o pronunciamento do TCE em relação a uma tutela provisória que pretende suspender os pagamentos ao contratado. No entanto, o conselheiro Marcelo Verdini afirmou nesta quarta-feira que tais informações não foram fornecidas pela Prefeitura, afetando o procedimento do processo. Por unanimidade, os conselheiros votaram a favor de manter de decisão que cobra da Prefeitura todos os documentos relativos à contratação, sem licitação, do escritório. Caso a Prefeitura não apresente todas as informações solicitadas, poderá haver punições.
Entenda o caso
A Prefeitura de Petrópolis reservou R$ 32.963.844,80 do orçamento do município para pagar o escritório Celso Gonçalves Sardinha - Sociedade Individual de Advocacia, contratado para representar a prefeitura em ação contra a GE Celma, para mudanças nas declarações anuais (Declan) do Índice de Participação do Município (IPM). O objetivo era conseguir aumentar o valor recebido pelo repasse do Imposto de Circulação sobre Mercadorias e Serviços (ICMS). Segundo o município, as mudanças do Declan da GE Celma fizeram com que o município tivesse um aumento de cerca de R$ 20 milhões ao mês na arrecadação do ICMS.
A Prefeitura foi questionada, mas até o fechamento desta edição não houve resposta.
