Por: Gabriel Rattes

Moradores denunciam possível foco em área usada por Areal

Área é usada pela Prefeitura de Areal para descarte de entulho e resíduos | Foto: Thiago Alvarez

A equipe de redação do Correio Petropolitano recebeu nesta semana uma denúncia sobre um possível descarte irregular de lixo em um terreno na Posse, em Petrópolis, cedido para o município de Areal realizar o descarte de lixo verde. Nos últimos meses, moradores relataram um aumento no número de casos de dengue no entorno, além da preocupação com o meio ambiente. No local, a equipe do Correio flagrou uma quantidade enorme de resíduos, muitos deles com água parada, propensos à proliferação do mosquito Aedes aegypti, principal transmissor da dengue.

Pilhas de pneus abandonados, alguns deles acumulando água e outros resíduos como: medicamentos, sacolas plásticas, caixas de metal, cadeiras escolares, copos descartáveis e até restos de mobílias foram encontrados na área. Segundo o Instituto René Rachou Fiocruz Minas, chuva, calor e água parada promovem o cenário perfeito para a proliferação do Aedes aegypti.

O biólogo Fabiano Carvalho, pesquisador da Fiocruz Minas, explica que as chuvas constantes podem alimentar possíveis criadouros, enquanto as temperaturas elevadas aceleram o metabolismo do mosquito. "O ciclo reprodutivo, que em épocas mais frias do ano pode levar cerca de 15 dias para se completar, no verão, leva apenas oito dias. Ou seja, o calor reduz o tempo que o mosquito leva para se desenvolver e chegar à fase adulta. E, com as chuvas, as fêmeas têm mais facilidade para encontrar locais onde depositar seus ovos, pois a tendência é ter um aumento de lugares com acúmulo de água, que podem se transformar em criadouros", explica.

Aumento de casos

O município de Areal já registrou 358 casos de dengue apenas nos dois primeiros meses de 2024. Comparando ao ano passado inteiro, isso representa um aumento de 1.888%, quando no período foram registrados 18 casos em 12 meses. A equipe da redação conversou com uma moradora próxima do terreno, que testou positivo para a dengue, para entender a situação.

"Pelo descaso da prefeitura de Areal, que fica jogando lixo ali. A gente já até reclamou uma vez, foi embargado, mas eles continuaram jogando de novo. Não adianta reclamar ou falar. Não dão ouvidos para a população", disse a moradora que preferiu não se identificar. "Ainda estou com muita dor no corpo, dor de cabeça, nas pernas, atrás dos olhos, vômito, diarreia. Agora vou ao hospital realizar novos exames. Por causa da dor no corpo e nas articulações estou sem poder trabalhar, de atestado por sete dias", completou.

O que diz o município

Ainda no local, nossa equipe entrou em contato por meio de telefone com o Secretário de Serviços Públicos de Areal, Wallace Santos Machado, que explicou que o local já funciona como descarte de lixo há mais de 35 anos. "Os pneus que estão jogados são recolhidos sempre pelo Recicla. É óbvio que ele tem que ter um tratamento muito melhor por ser uma situação de dengue agora. A gente precisa regulamentar e inclusive já contratei o trator para fazer a partir de amanhã [quarta-feira, dia 28 de fevereiro]. Isso está errado. Eu não estou falando que estou certo, só estou falando que é uma situação que sempre esteve aí", afirmou o secretário.

Wallace também afirmou que as providências serão tomadas, dentre elas: retirar os pneus e mandá-los para o Recicla e os outros tipos de lixo enviados para o aterro responsável. "Já pode vir aqui em até dois e filmar de novo", afirmou.

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que o terreno, que antes era utilizado pelo DNER [Departamento Nacional de Estradas de Rodagem], foi cedido para a Prefeitura de Areal. O local é alvo de um Termo de Ajustamento de Conduta, junto ao Ministério Público Federal, e existem diversas atividades, operadas e licenciadas pelo município, dentre elas o transbordo de resíduos sólidos urbanos e unidade de triagem de coleta seletiva. "O Inea ressalta ainda que, as atividades e a natureza dos resíduos, devem ser fiscalizadas pela secretaria municipal de meio ambiente", disse em nota.

 

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