Tarcísio de Freitas e Gilberto Kassab apontam caminhos separados

Kassab prepara equipe robusta de candidato a governador de São Paulo, enquanto Tarcísio não parece disposto a se desincompatibilizar

Por Tales Faria

Gilberto Kassab e Tarcísio de Freitas

O secretário de Governo de São Paulo, Gilberto Kassab, que também é presidente nacional do PSD, está dando sinais a aliados no estado de uma possível separação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de quem sempre esteve muito próximo.

Se tem uma notícia que corre feito um raio entre os políticos é quando adversários e aliados começam a preparar equipes para campanhas eleitorais.

Tarcísio já está com sua equipe adiantada e, segundo aliados, tem toda a pinta de que é turma para a campanha à reeleição. Mais ou menos o pessoal que já está com ele no momento.

Já o secretário Kassab tem chamado a atenção pelos movimentos que vem fazendo na busca de mão de obra. Não é coisa para candidatura de deputado federal, nem senador. As conversas no meio especializado são de que o presidente do PSD prepara equipe robusta para uma eleição de governador de São Paulo.

Enquanto Tarcísio não dá sinais de que pretenda se desincompatibilizar do cargo, Kassab, segundo aliados, tem mostrado que está pronto para se afastar da Secretaria de Governo.

Segundo a Justiça eleitoral, para concorrer às eleições de 2026, Kassab terá que se desincompatibilizar do poder Executivo até abril.

O mesmo prazo teria que ser cumprido por Tarcísio, se, em vez da reeleição, ele tivesse mesmo disposto a disputar a Presidência da República contra o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

A avaliação dos aliados do governador é de que abril é um prazo muito apertado para ele desistir da reeleição. E muito distante do pleito para o governador ficar dependente, como candidato a presidente, dos humores da família Bolsonaro.

Tarcísio não quer ser candidato tendo o filho dos ex-presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL), como adversário. Ou qualquer outro nome do clã. Isso seria o mesmo que não ter o apoio de Bolsonaro.

Mas o governador e o centrão acreditam que seria eleitoralmente tóxico ter o sobrenome Bolsonaro na chapa. Passaria o recado de que, na verdade, o ex-presidente mandará no eventual governo e os demais aliados ficarão em segundo plano.

Por outro lado, o governador e seus aliados avaliam que o apoio do ex-presidente pode trazer votos, desde que à certa distância, como agora que ele está preso na sede da Polícia Federal.

Foi mais ou menos isso que os presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do União Brasil, Antonio Rueda, fizeram ver a Flávio Bolsonaro no encontro que mantiveram em Brasília, na segunda-feira, 8.

No encontro, Rueda e Ciro também deixaram claro, por consequência, que não apoiariam Flávio como candidato do centrão a presidente.

Se, de fato, Tarcísio decidir se candidatar à reeleição em São Paulo, os caciques do centrão apontam para o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD) como candidato preferido.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que é do União Brasil, sabe disso. Ele já tem procurado outras legendas que estejam dispostas a dar abrigo para sua candidatura a presidente da República.