Jorge Messias conquista voto do presidente nacional do PP
Cacique do centrão e ex-chefe da Casa Civil de Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira votará a favor de Jorge Messias como ministro do STF
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União AP), confirmou nesta quinta-feira, 3, informação publicada pela coluna de que a sabatina do advogado-geral da União, Jorge Messias, só ocorrerá no ano que vem.
Messias foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
O presidente do Senado havia marcado a sabatina para a próxima quarta-feira, 10, mas desistiu. Justificou em nota ter sido "surpreendido com a ausência do envio da mensagem escrita" do Palácio do Planalto formalizando a indicação.
Na data em que Alcolumbre marcar a sabatina no ano que vem, Jorge Messias precisará ter sua indicação aprovada, primeiro, pela maioria dos 27 membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Depois, novamente terá que obter em plenário os votos de 41 dos 81 senadores da Casa.
Ele já está em campanha, tentando convencer, um a um, todos os senadores a aprovarem seu nome. Acaba de conquistar um voto muito importante: nada mais nada menos do que o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), que também é uma dos membros da CCJ.
O apoio de Ciro é significativo porque, até então, se contava que Jorge Messias teria votos apenas dos partidos governistas como PT, PSB e PDT; daqueles próximos ao governo, como MDB e PSD; e de alguns senadores evangélicos. Isso soma, nas contas do governo, o apoio de cerca de 40 senadores.
O voto de Ciro Nogueira, por si só, permite contar a maioria para Messias, 41 votos. Mas tem um significado maior. Mostra que o advogado-geral da União também transita entre senadores do centrão e até entre aqueles oposicionistas históricos, o que dá a Messias uma margem de segurança.
Senadores oposicionistas ouvidos pela coluna afirmam que Messias é um nome "bem mais leve" do que outros dois indicados por Lula como ministros do STF e que já tiveram seus nomes aprovados, Flávio Dino e Cristiano Zanin.
Dino era ministro da Justiça de Lula e principal voz do governo nos embates com a oposição no Congresso. Zanin foi o advogado pessoal do presidente durante toda o processo da Lava Jato.
Além disso, o tempo joga a favor de Messias, pois o presidente Lula pretende se reaproximar de Davi Alcolumbre, restabelecendo a boa relação que tinham até quando o presidente do Senado anunciou rompimento com o líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA).
Alcolumbre atribui ao líder a indicação de Jorge Messias, o que teria impedido que Lula indicasse para a vaga o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), candidato da preferência do presidente do Senado.
O problema é que o rompimento com o líder do governo - se mantido - dificultará as negociações entre o Palácio do Planalto e o Senado.
Lula não pretende entregar a cabeça de Jaques Wagner. Primeiro, porque o considera seu maior amigo entre os senadores. Depois, porque seria uma demonstração de fraqueza diante de Alcolumbre.